Notícias

Laboratório do Polo Agroalimentar de Arapiraca articula universitários e alunos do Ensino Médio em pesquisas de impacto

Com o apoio da Fapeal, são desenvolvidos projetos acerca da mandiocultura, plantas medicinais e manipueira

Fotos: Tárcila Cabral

O Laboratório de Análises Físico-químicas inserido no Polo Agroalimentar de Arapiraca está sob a gestão da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) desde 2016.

E diante de uma necessidade prática em apoiar projetos e estudos na região interiorana, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) lançou o Programa de Apoio à Consolidação das Instituições de Ensino Superior do Estado de Alagoas em 2016, auxiliando os laboratórios presentes no Polo.

Graças ao edital do programa, foram destinados R$10 mil a esta unidade, dos quais R$3 mil foram investidos na compra de livros, estruturando-se uma biblioteca, e outros R$7 mil para a aquisição de um torpedo de gás nitrogênio.

Pesquisas de impacto

Em pleno funcionamento desde 2017, o local é utilizado pelo curso de licenciatura em química do Campus I, mas também recebe alunos do curso de biologia,  sendo coordenado pela professora doutora Janesmar Cavalcanti.

No entanto, a unidade não se limita apenas ao âmbito das aulas, existem neste contexto parcerias inovadoras como o Projeto Farmácia Viva. Esta iniciativa já foi contemplada inclusive com um prêmio internacional que, se somando aos outros já obtidos, correspondem a 15 premiações, segundo a coordenadora do espaço.

 A sua concepção foi proposta por uma professora da educação básica, Edinalva Pinheiro, que estimulou o cultivos das plantas do estudo dentro das próprias escolas de atenção básica. A formadora orienta os alunos, que são os responsáveis por lavrar e manter as plantas de propriedades medicinais na área cultivada do sistema escolar. Através deste incentivo, encontram-se também dois grupos atuando em atividades de produção, nutricionistas e farmacêuticos, que realizam análises no laboratório do Polo duas vezes por semana.

Os profissionais executam uma articulação com os alunos da Uneal, os instruindo acerca da elaboração de produtos fitoterápicos a partir de plantas da região. Fundamentados nesta base, os substratos de origem vegetal são empregados na preparação de shampoos, sabonetes e outros cosméticos, além de xarope de Guaco, utilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) do município.

“Este é um projeto inovador, porque comprova que sua fabricação, nascendo da escola de educação básica, é eficiente, devido às plantas que são fornecidas de sua área. Desta forma é possível baratear os custos em mais de 50%, por exemplo, do xarope Guaco, que é comprado pelo município para ser utilizado pelos hospitais da região”, alega a pesquisadora.

Interatividade e pesquisa

Assim, se consegue criar uma cadeia produtiva, ao mesmo tempo em que se insere os alunos da educação básica — correspondentes ao nível fundamental — e os discentes da Uneal que já estão envolvidos no projeto, em torno do espaço de análises físico-químicas. Além disso, a doutora em Química explica que o laboratório possui uma capacidade instalada de oferecer análises físico-químicas da água e do solo para os produtores locais.

E se o laboratório consegue movimentar a vida da comunidade local, ele também cumpre seu objetivo promovendo uma interação importante de estudo entre alunos das escolas públicas e da graduação, porque os dois grupos são atuantes no projeto: O primeiro é formado pelos alunos da escola de educação básica que se deslocam para visitas técnicas, com o intuito de que eles percebam a ponta final da produção, já que estes também participam das etapas iniciais do projeto; já o segundo grupo atua na rotina dos conteúdos de análises físico-químicas, são os estudantes de graduação.

“No total, quatro turmas do curso de licenciatura em Química estão envolvidas, do 1º ao 4º período, que possuem aulas práticas, também à noite. São cerca de 100 a 120 alunos. Já os da educação básica, são desenvolvidos na própria escola, no entanto são selecionados alguns componentes para participarem do processo no laboratório, de 5 a 10 alunos”, alega a professora.

No momento, os estudos que estão sendo desenvolvidos no espaço são os de mandiocultura, o de Farmácia Viva — que engloba uma parte de pesquisa porque é realizada a mensuração da aplicabilidade tanto na área de farmácia, mas também no contexto das análises físico-químicas — e um terceiro acerca da manipueira.

Estimulando o engajamento da pesquisa na graduação, a Fapeal concedeu auxílio similarmente através de dois apoios no Programa de Iniciação Científica (Pibic), para o curso de química que, no total, somam em quatro graduandos pesquisando no laboratório, contando com as bolsas já fomentadas pela universidade. O laboratório dispõe também de 10 alunos inseridos no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti); destes, dois são apoiados também pela Fapeal, destinados num sentido de suporte ao diálogo entre o estudo técnico e científico.

Como a docente cita, os alunos da graduação e da pós-graduação começam a adquirir neste meio um conhecimento mais prático de interações físico-químicas, mas ele deve ir além disso:

“A alma deste laboratório é a questão de poder servir a comunidade, aqui você tem a possibilidade de prestar este serviço e fortalecer uma cadeia produtiva extremamente importante para o desenvolvimento social da ciência”, conclui a professora.

A cientista frisa ainda que sua finalidade com o prosseguimento destes estudos é fazer com que os alunos circulem por outros laboratórios e se envolvam em outras pesquisas, afinal o trabalho também compreende em tornar a unidade um centro multiusuário.

O laboratório de Análises Físico-Químicas do Polo Agroalimentar de Arapiraca faz parte da edição 2018 do calendário temático da Fapeal, com o tema “Patrimônio Laboratorial Alagoano.