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Pesquisas sobre Canal do Sertão abrem novas perspectivas para o Semiárido

Mais conhecimento e novas tecnologias colaboram para enfrentar desafios de governança

Crédito: fotospublicas.com
Crédito: fotospublicas.com

Energias renováveis, irrigação autossustentável e integração entre lavoura, pecuária e vegetação nativa do Sertão alagoano foram os temas contemplados em edital lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), em 2013, para estimular os pesquisadores locais a voltarem sua atenção para o Canal do Sertão e suas imediações. Foram investidos quase R$ 750 mil em três projetos de execução multidisciplinar, envolvendo a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), o Instituto Federal de Alagoas (Ifal) e a Embrapa.

Atualmente, duas das pesquisas já geraram dados concretos. Uma delas está em fase de disseminação de protótipos testados. E para disponibilizar o conhecimento gerado e as soluções tecnológicas viáveis a gestores públicos estaduais e federais a Fapeal e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Alagoas (Secti) estão promovendo a articulação política necessária.

Já ocorreram duas reuniões com esse intuito. A primeira, durante o Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia (Caiite), em junho, contou com a presença do reitor da Ufal, Eurico Lôbo, e de representantes da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

Na segunda, em julho, o secretário Pablo Viana (Secti) e o presidente da Fapeal, Fábio Guedes, apresentaram um kit de irrigação automático e autossustentável para os secretários de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Alexandre Ayres, do Trabalho e Emprego, Rafael Brito, e para o diretor-presidente do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Gustavo Lopes.

O protótipo apresentado é composto de uma estação energética de baixo custo, integrada por um painel solar e uma torre eólica, para rodar um sistema de irrigação capaz de economizar água e energia e fornecer dados para o melhor aproveitamento possível das poucas áreas cultiváveis do Semiárido alagoano.

O produto foi bem recebido, levando em conta questões práticas de infraestrutura e gestão necessárias para prover acesso, de fato, às populações que se encontram em posição de serem beneficiadas pela água do Canal.

Na perspectiva da governança, porém, continuam os desafios relativos a custos e financiamentos para tornar a tecnologia acessível a um número significativo de produtores, além da necessidade de mudar uma cultura arraigada de práticas não-sustentáveis.

De acordo com Fábio Guedes, pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico são fundamentais para aproveitar esse novo elemento dentro do setor rural de Alagoas da melhor forma possível. “Sem isso, a gente não pode explorar com responsabilidade e respeito ao meio ambiente as potencialidades que essa obra hídrica poderá trazer para o Estado, sobretudo para melhorar a vida das pessoas”.

Ele acrescenta, ainda, que a transferência de tecnologia e a educação dos produtores agrícolas sobre essas novas possibilidades em desenvolvimento são etapas indispensáveis na perspectiva da geração de emprego e aumento de renda no Sertão de Alagoas por meio do Canal.