Pais e profissionais se unem no combate aos malefícios trazidos pela vida moderna
A temática não é nova, mas o problema permanece sendo um transtorno para pais e crianças desta década. Como educar crianças para hábitos tradicionalmente saudáveis num mundo contemporâneo tão complexo?
Abordando temáticas tecnológicas e científicas, as gerações presentes encontrarão um futuro repleto de facilidades e dispositivos tecnológicos inovadores, que os logarão num universo mais prático. Esse dinamismo os permitirá ter acesso a tudo já materializado, impresso, comidas prontas e multiprocessadas, o fast-food levado a último grau.
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), atenta às apreensões da sociedade, tem entre as pesquisas financiadas com recursos do Governo de Alagoas, projetos voltados à alimentação e nutrição infantil.
Seguindo a política recente de induzir a produção e conhecimento que preencha lacunas estaduais, estes estudos têm analisado temas como: a caracterização do leite informal comercializado no Estado, o perfil antropométrico e laboratorial de adolescentes diabéticos das clínicas particulares de Maceió, a caracterização microbiológica da água utilizada no complexo nutricional e uma avaliação feita sobre a realização do direito humano à alimentação adequada entre os alunos da rede pública e privada do ensino fundamental em Alagoas.
Nota-se grande perda quando se analisa a falta da interação da criança com um mundo que era considerado mais “orgânico” e menos sedentário. A alimentação desregrada também elevou os índices de obesidade da população infantil, que está trilhando os caminhos da hipertensão desde a infância.
A especialista em segurança alimentar e professora da Universidade Federal de Alagoas, Ana Cristina Normande, pesquisadora experiente, que já coordenou a alimentação em creches, em conversa com a Fapeal, explicou que as dúvidas dos pais e a falta de experiência são normais e recomenda a busca por ajuda especializada.
“Hoje, o marketing atua de forma massiva e a luta é grande. Um bom dado é que foram regulamentadas recentemente leis que asseguram que não haja fortes apelos nas propagandas televisivas a uma alimentação infantil inadequada”, declara a especialista.
Esta medida aponta uma atuação governamental gerada por necessidades já notificadas, que podem servir de apoio para os pais vencerem o desafio de convencer os filhos a optar por um consumo mais saudável.
“Eu trabalhei cinco anos em creche e percebi que, após os fins de semana, as crianças sempre retornavam com problemas como diarreia e cólicas. Nós desenvolvíamos uma alimentação adequada à idade e intolerâncias de cada um, durante a semana, mas elas chegavam de casa com alguns problemas, devido a falta de cuidados domésticos com a alimentação”, observou.
Lembrando que esse papel requer esforço e tempo dos pais. A responsabilidade não é inteiramente de creches e escolas: a elas só devem ser atribuídas a responsabilidade pelo período em que as crianças estão em suas dependências.
Porém, ela orienta que é possível para os pais realizar uma reeducação de hábitos e rotinas alimentares para suas crianças. Afinal é comprovado que, se sugerido e encorajado desde cedo, os pequenos aceitam alimentos saudáveis com mais tranquilidade.
O hábito de reunir-se durante as refeições serve de oportunidade para o exemplo. Os pais também devem ficar atentos aos lanches servidos nas instituições, exigindo das cantinas opções variadas, ricas e nutritivas.
Com pais buscando aproximar-se da vida dos filhos e cobrando o comprometimento também por parte dos profissionais, sendo presentes e atuando em conjunto na discussão, este poderá não será mais um prato tão atual e pesado para a nova geração brasileira.