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Fapeal apoia projeto acadêmico de capacitação prática para gestores públicos

Cerca de 300 gestores já passaram pelos cursos que instruem servidores na mesorregião do agreste alagoano

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Dr. Renato Miranda

O Público em Gestão, mais do que um portal, é um projeto que começou a ser implantado em 2013, constituindo uma rede de produção de conhecimento e capacitação de gestores públicos. O programa de apoio, estruturado no agreste alagoano, se desdobra a partir de 3 eixos: a construção de diagnósticos, a produção de conhecimento e a capacitação.

Dentro destes pilares, doze professores, do campus Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas, construíram um sistema para instrumentos de viabilização, como manuais e videoaulas. Trabalhando com o público interiorano, o site (http://www.publicoemgestao.com.br/) consegue aproximar a universidade do gestor público, através de um método de educação virtual.

As aulas contextualizam noções de orçamento e finanças, convênios públicos para acesso à recursos federais, Recursos Humanos, parcerias na administração pública, patrimônio e gestão de conflitos sociais. Os professores envolvidos nos módulos ofertados são dos cursos de Administração e Administração Pública da Ufal de Arapiraca Sua pretensão é dialogar com outros cursos, inclusive com o mestrado profissional de Administração Pública e a graduação à distância, abertos pela Ufal Maceió, e com os cursos de Administração Pública da Uneal.

“As aulas fornecidas na escola de governo de Arapiraca também dispõem de estudos em gestão de processos, análise de desenvolvimento econômico, tudo voltado aos gestores públicos. Os alunos da Ufal no campus de Arapiraca, colaboram com o projeto através do Programa de Ações Interdisciplinares (Painter). São 6 bolsistas que participam da articulação, do levantamento de dados, da própria construção do site, e também da estruturação. Ressaltando que, nós tivemos em sua fase presencial, cerca de 90 inscritos participando de cada módulo, sendo 5 módulos ao todo”, afirma Renato Miranda, um dos professores à frente do projeto, e doutor em administração pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

O programa serve como uma temática guarda-chuva, inserindo estudos prontos sobre outros aspectos, como as pesquisas sobre comunidades quilombolas, sobre o agreste alagoano, sobre finanças públicas, federalismo, entre outros temas. Foram estruturados 9 cursos, disponibilizados ao longo do processo. Os professores montam o material didático e elaboram as atividades, em parte presenciais e em parte, à distância.

Os participantes são do entorno da mesorregião do agreste alagoano, advindos de cidades como Palmeira dos Índios, Penedo, Coité do Noia, porém, Arapiraca, como possui um polo econômico e escola de governo, naturalmente possui maior adesão.

No site, eles podem acessar os produtos finais disponíveis, que são o material fornecido no curso e as vídeo aulas, gravadas na Tv Educadora. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) apoiou financeiramente o projeto. Com o auxílio, foi possível comprar todas as ferramentas de mídia para a gravação de conteúdo online e produção do material didático. Ao fim das gravações junto à TV educadora, tudo é publicado no site para quem desejar acompanhar o conteúdo.

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Fapeal tem sido fundamental

“O papel da Fapeal nesse processo tem sido fundamental, enquanto uma entidade sensível à importância da interiorização. A Fundação tem estado atenta, tanto no perfil dos seus editais, porque agora serão lançadas novas chamadas específicas para disparidades do interior, quanto às exigências do contexto interiorano, que são diferentes das enfrentadas pela capital”, explica Renato Miranda.

O projeto apresenta uma preocupação com a linguagem que a academia vem estabelecendo com a sociedade, principalmente no contexto da administração pública e outros setores, se diferenciando do que já vem sendo feito. A proposta busca desenvolver linguagens em comum com os gestores públicos, para sanar obstáculos em dialogar com a administração pública e estruturar linhas comuns de ação.

Num segundo momento, ocorre a produção de material didático, a exemplo do livro Público em gestão: Capacitação em Gestão Pública Municipal, produzido pelos professores do curso. A obra constitui o aparato dos cursos lecionados na própria escola de governo de Arapiraca. A ideia é que o projeto aproxime a universidade das escolas de governo e dos gestores públicos.

O programa, que já é realizado há 2 anos junto às prefeituras da região, consegue estar próximo a esta linguagem mais ligada à prática cotidiana.

“A primeira prerrogativa do trabalho é escutar e entender o perfil do gestor. Ele tem sensibilidade para entender quais são as áreas que merecem mais atenção. Naturalmente, quando fazemos os diagnósticos por dados secundários, nós temos fontes como o IBGE, a Seplag e o portal Alagoas em Dados e Informações, que nos permitem verificar os diversos elementos, os setores mais precários. Entretanto, o servidor público tem de participar da construção deste diagnóstico. Nós não podemos ter uma universidade que olha para a gestão pública de forma hierárquica. Temos de conseguir trabalhar de forma horizontal, para construir planos de ação concomitantes. Então essa identificação vai variar de município para município, e da percepção de cada gestor. Nós professores, iremos conciliar isso com os nossos dados e conhecimento teórico e técnico”, alega o professor.

“Um ponto interessante a frisar é que, contraditoriamente ou não, se pontuarmos um município de 5 mil habitantes do agreste alagoano, como ele está muito distante da conjuntura central, talvez se pense que o conhecimento sobre o que ocorre no país, sobre as técnicas mais avançadas de gestão pública, e qual é o papel do Estado e do gestor não sejam importantes. Enquanto ocorre o contrário do que se pensa, quanto mais à margem, quanto menor o município e mais periférico, mais este dependerá dos recursos e das decisões do centro”, complementa o pesquisador.

Com resultados expressos, o projeto teve cerca de 300 profissionais capacitados no desenvolvimento de 9 cursos, a construção do portal, a elaboração do material didático, um livro,diagnósticos e a produção de 18 vídeo aulas. Enquanto resultado qualitativo, não quantificável, foi ampliada a relação de aproximação com esses municípios.

Os planos para o futuro do programa culminam na melhoria da estrutura, com o aperfeiçoamento das técnicas pedagógicas de interação com os alunos. Os professores pretendem trabalhar pensando em políticas setoriais conjuntas, posicionando discussões periódicas com os gestores públicos, refletindo também em diagnósticos situacionais colaborativos.

Para a melhoria do site, os alunos se especializarão, sendo mais participativos na alimentação e produção, inserindo novas tipologias de conteúdo e divulgando as ações nas redes sociais. O canal será articulado e ligado a todas as plataformas de mídia, afim de, facilitar a integração com outros grupos de orientadores, gestores e instituições sobre gestão pública municipal.

A Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) também é parceira do projeto.