3ª edição do programa Researcher Connect oferta aperfeiçoamento da língua inglesa para fins acadêmicos e de pesquisa
Alagoas vem assumindo a dianteira no processo de estruturação do seu sistema científico e a interação com as agências de fomento internacionais está aumentando este escopo. Fruto de uma articulação realizada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapea), em conjunto com o British Council e o Newton Fund, foi promovido o Researcher Connect, um curso da língua inglesa direcionado a linguagem e comunicação científicas.
A cooperação tem a finalidade de incentivar a cultura acadêmica, influenciando os pesquisadores a publicarem obras em veículos de alcance internacional. O método não é voltado para o ensino da Língua Inglesa: Seu foco é ministrar técnicas que facilitem a produção e o relacionamento entre os grupos na hora da elaboração de produções científicas.
As atividades foram desenvolvidas este ano no Centro Universitário Tiradentes (Unit), entre os dias 9 e 11 de outubro, com a participação assídua dos docentes da instituição. A Unit foi selecionada para esta oportunidade pelo segundo ano consecutivo, através de um edital que chega a sua terceira edição.
Segundo Flávia Pires, uma das treinadoras do British Council que orientou as aulas, o programa oferece oito módulos e a universidade, baseada na necessidade dos seus pesquisadores, escolhe o conjunto específico que atenderá as suas demandas.
Dentro disso, as treinadoras propuseram quatro focos: o Foundationque promove conhecimentos e táticas para que os pesquisadores se comuniquem de maneira clara e precisa; o Effective e-mails, um conceito de aprendizagem e adaptação de e-mails para diferentes públicos, refletindo sobre conceitos de escrita; o Abstract, onde os pesquisadores identificam e refinam seu estilo particular de escrita de resumos em inglês e também entendem como desenvolver técnicas próprias adaptando modelos; o Persuasive Proposals, em que se desenvolvem habilidades de escrita persuasiva, organizadas de maneira lógica e com linguagem que convença àqueles que importam; e o Group Project, o qual reforça os aprendizados obtidos nos módulos anteriores, promove a inovação e ajuda os participantes a prever as aplicações práticas das habilidades.
A avaliação inicial garante alto nível ao desenrolar do curso, já que os próprios inscritos passam por uma pré-seleção feita pelo British Council, para atingir um nivelamento. Quando os pesquisadores chegam ao curso, não se espera que eles tenham a fluência de um nativo, mas disponham de um certo conhecimento prévio. “O curso é de comunicação científica e a gente vai aperfeiçoando a comunicação com os participantes e, no terceiro dia eles já se comunicam melhor do que no primeiro, o processo vai acontecendo naturalmente”, frisa Flávia Pires.
Numa visão democrática, Mônica Campineli, também instrutora treinadora em língua inglesa, reforça esta visão de que o potencial dos pesquisadores do Nordeste é o mesmo em comparação a outras regiões, faltando apenas mais incentivos. Ela explica que estes programas procuram diminuir principalmente as distâncias existentes: “Historicamente, o Sul e Sudeste acabaram angariando mais verbas e sendo mais contemplados nestas parcerias. Um dos propósitos do Newton Fund, que é um dos parceiros, é justamente esta inclusão das regiões menos contempladas”, alega.
Os professores acreditam que esta cooperação, aumenta a atuação dos grupos de estudo locais que passam a se associar às cooperações científicas internacionais. Docente da Unit, Davy Baia, cita que o aperfeiçoamento o auxiliará na hora de publicar e indexar os trabalhos em revistas científicas, num contexto externo e com peso no nível de produção. “Eu acredito que é importante o aprendizado de outra língua, principalmente a inglesa, porque ela é de fato a que a gente utiliza para publicar em periódicos de alto impacto”, frisa o professor.
A coordenadora de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da Unit,Daniela Kabengele, ressalta que aportar conjuntamente este edital com a Fapeal foi de grande valia para o centro universitário, ao ofertar um curso presencial de desenvolvimento de habilidades de comunicação científica em língua inglesa. “Sabemos que quando se trata de pesquisa acadêmica individual, a necessidade de se publicar descobertas é fundamental. E existe ainda a necessidade de comunicar estas descobertas para além da comunidade científica, de forma a utilizar os resultados para justificar até mesmo o uso dos recursos públicos, para financiamento de novas atividades de pesquisa”, cita a doutora em Antropologia.
Neste sentido, o curso de escrita inglesa colabora com todo este processo, e vem ao encontro de uma prerrogativa do próprio Ministério da Educação, através da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que é de internacionalização. Kabengele enfatiza ainda que o curso permitirá aos pesquisadores sediados em Alagoas estabelecerem redes fortes, com outros parceiros internacionais.
A coordenadora também aponta, além do contentamento por ofertar pela segunda vez o programa na Unit, que este é igualmente importante por criar uma oportunidade de auxílio à produção de conhecimento e publicização de pesquisas e trabalhos, num contexto onde estas elaborações sejam revertidas para o desenvolvimento do Estado.