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Pesquisa alagoana é publicada em revista científica de circulação internacional

Estudo é apoiado pela Fapeal, por meio do Programa de Pesquisa para o SUS

Ênio Bassi e equipe. Foto: Acervo pessoal

Uma equipe de pesquisadores de Alagoas publicou um estudo que monitora o vírus Chikungunya no Estado. Devido à relevância dos dados, o artigo, escrito em língua inglesa, foi publicado em uma revista científica de circulação internacional.Isolado em laboratório na década de 1950 na África, o vírus foi reportado pela primeira vez no Brasil em 2014, quando foram detectados no país dois dos três genótipos conhecidos do vírus: o asiático apareceu na região Norte e o Leste-Central-Sul-Africano (ECSA) na região Nordeste, no estado da Bahia.

No ano de 2016, a situação ficou mais crítica, uma vez que dos 272 mil casos prováveis, 196 óbitos foram associados à infecção por Chikungunya, de acordo com o Ministério da Saúde. A região Nordeste apresentou o maior número de casos, correspondendo a 86% do total das notificações, sendo que, em Alagoas, foram reportados 514 casos positivos a cada 100 mil habitantes.

Devido à cocirculação do vírus Chikungunya no Brasil, junto aos vírus da Dengue e Zika, a situação foi classificada como um grave problema de saúde pública. As três condições são classificadas como arboviroses, termo que designa algumas doenças transmitidas por arbovírus, hospedados em insetos artrópodes que geralmente se alimentam de sangue.

Neste caso, especificamente, a transmissão se dá através da picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, o que torna o clima quente e as condições precárias de saneamento básico no Nordeste brasileiro situações que merecem atenção e intervenções específicas, especialmente no campo da prevenção coletiva.

Segundo o professor  Ênio Bassi, a caracterização do genótipo do vírus Chikungunya em amostras de pacientes de diferentes municípios do estado de Alagoas, por meio de técnicas de biologia molecular, permite a identificação precisa do vírus circulante e suas possíveis mutações. Este trabalho de acompanhamento epidemiológico permite uma constante vigilância sobre os surtos de arboviroses recentes, deixando o Estado em alerta para epidemias emergentes.

Colaboração

O trabalho foi coordenado pelo professor Ênio José Bassi, doutor em Imunologia que atua no Laboratório de Pesquisas em Virologia e Imunologia (Lapevi) na Universidade Federal de Alagoas (Ufal). A equipe é composta por alunos de graduação e pós-graduação, além de ser integrada também por pesquisadores da própria Ufal, do Laboratório Central de Saúde Pública de Alagoas (Lacen) e do Centro Universitário Cesmac.

O professor Ênio ressalta que a colaboração de diferentes pesquisadores e instituições permite o crescimento e desenvolvimento da pesquisa no estado, além da formação contínua de futuros cientistas qualificados a atuarem na área de arboviroses emergentes em saúde pública.

“O projeto ainda está em vigência e estamos desenvolvendo pesquisas experimentais com os vírus Chikungunya e Zika, isolados em laboratório. Estamos caracterizando neste momento de forma mais ampla uma grande parte do genoma do vírus Chikungunya circulante em Alagoas, permitindo assim um maior monitoramento das divergências existentes no vírus e suas mutações que possam impactar no desenvolvimento da infecção e na sua interação com nosso organismo ou com o mosquito Aedes”, explica o doutor Ênio Bassi.

“Além disso, estamos avaliando a resposta imune desenvolvida no paciente contra o vírus nos primeiros dias da infecção, buscando, assim, conhecimentos que possam auxiliar no monitoramento destas arboviroses”, acrescenta.

Financiamento

 O estudo dispõe de, aproximadamente, R$139 mil de orçamento, para ser executado em 24 meses, incluindo bolsa de apoio técnico à pesquisa, com apoio Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).

 O recurso foi viabilizado pelo edital do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.

 O estudo foi publicado na Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo e está disponível online, na íntegra, em inglês.