Com apoio da Fapeal, a IX edição do Pentálogo abordou representações políticas e reflexões dos modelos democráticos, analisando história e contexto atual
O novo engajamento e as ressignificações do sistema democrático: Esta foi a tônica abordada durante a IX edição do encontro do Centro Internacional de Semiótica e Comunicação (Ciseco). Jornalistas, relações públicas, comunicadores e estudiosos se reúnem este ano na cidade de Japaratinga em Alagoas para debater o tema “Midiatização e reconfigurações da democracia representativa”.
Na mesa de abertura o presidente do Pentálogo, Fausto Neto, deu as boas-vindas com uma fala relembrando o trabalho construído há pelo menos dez anos por Eliseo Veron, um dos idealizadores do Ciseco: “Há uma década, nós analisávamos 20 papers, debatendo um problema do deslocamento das mídias clássicas, entre governantes e sociedade. O que nós vivemos hoje é a mudança de um plano progressista para um conservador, as constituições políticas locais construindo um protocolo de circulação que se instaura neste cenário”, frisa o comunicador.
O pesquisador explicou que, apesar dos contingenciamentos de recursos destinados à Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), o congresso está sendo disponibilizado graças a um esforço congregado com alguns órgãos e universidades. O encontro reúne pesquisadores durante as palestras de 26 a 30 de novembro, e promove o colóquio de trabalhos na quarta-feira, 28/11, que reunirá 24 instituições representantes.
A coordenadora local do evento, Sandra Nunes, cumprimentou a mesa e os estudiosos reunidos, iniciando a sua fala saudando a memória de Eliseo Veron. A diretora do Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) agradeceu o apoio concedido existente da parceria entre o Ciseco e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). A Fapeal concedeu recursos orçados em R$20 mil para a realização do Pentálogo, além de fornecer apoio de sua equipe técnica para a cobertura e logística do evento.
A relações públicas cita que o Brasil ainda deve caminhar muito para tornar a democracia mais ativa, porque refletir sobre o governo representativo é encontrar este estágio no país, em momentos decisivos de uma democracia indireta: “Nosso exercício de poder deve ir além de uma simples escolha política, precisamos romper com esta sequência no país e ser uma flor plantada no asfalto”, ressalta a diretora do ICHCA.
Também estiveram presentes na mesa de abertura os diretores Laura Guimarães, Pedro Russi, a representante do conselho consultivo Inesita Araújo, e o mediador da mesa Antônio Heberlê.
Englobando a pauta “Democracia representativa: além da midiatização a nova circulação?”, o professor da Universidade de Buenos Aires, Mario Carlón, iniciou a 1ªmesa com uma pergunta: A democracia está morrendo na América Latina? O comunicador argentino, explica que este clima é partilhado tanto na Argentina quanto no Brasil. No entanto a democracia é um sistema de valores que deve estar presente na sociedade, em instituições e coletivos.
Outro ponto levantado é o chamado underground dos meios comunicacionais, que segundo o professor afeta as formas de análises. Este termo é atribuído a páginas como Twitter, Facebook e outras redes sociais. Os discursos circulam, porém sem saber em que circunstâncias o produto tramita para chegar aos destinatários.
Já na 2ª mesa do dia José Luiz Prado abordou o “Aparelho de insatisfação midiatizada no capitalismo comunicacional: como manter a democracia?”, analisando o consumo deste segmento textual. O docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC SP) cita que o comportamento hostil observado atualmente ostenta as diferenças no meio político e cria grupos ao redor de lideranças, ou celebridades.
Na última mesa do dia José Luiz Braga dialogou acerca “Das funcionalidades técnicas aos processos da comunicação”. O pesquisador da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) argumentou que os processos e questões comunicacionais são constantes no espaço de midiatização, democracia, e as urgências comunicacionais existem desde sempre na sociedade. Neste contexto são geradas as macroestratégias como: informação, debates, democracia, entre outros artifícios usados para enfrentar os dilemas existentes.
O estudioso frisa que hoje é extremamente democrático poder não depender de jornais para se ter acesso e gerar opinião, pois estes veículos podem influenciar de forma política ou possuir interesses diversos. No entanto, Braga alerta que são nestas tentativas de resolver as questões de interação com a mídia que surgem as fake News:
“A sociedade hoje é uma fábrica de experimentações sociais, elas são pontuais e dispersas. A democracia costumava ser uma macrobase de articulação na comunicação, sendo construída dentro do debate e da informação”, explica o acadêmico.
O professor conclui afirmando que o modelo democrático se tornou transversal a toda a sociedade e não só ao campo político, no qual a democracia é praticamente um processo interacional. “Quando nós estamos numa sociedade em que a democracia se torna um processo de referência, a midiatização se encontra presente no nosso processo de interagir, é um fenômeno abrangente e afeta todas as áreas da sociedade.