Obra traduz aspectos históricos em 200 imagens inéditas de Luiz Lavenère e um artigo sobre fotografia
Um sopro de história mais de 100 anos depois. Este é o reflexo da publicação Olhares de Maceió por Luiz Lavenère, lançada em dezembro de 2018. O teor do livro vem à tona um século depois, graças ao estudo apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e Gabinete Civil, que financiou bolsistas do Arquivo Público de Alagoas (APA) nesta missão de descobertas.
A partir da modernização do APA, a Fapeal pôde fomentar uma pesquisa minuciosa através do Programa de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento das Políticas Públicas em áreas estratégicas (PDPP). A colaboração se iniciou em 2016, quando estudiosos e servidores do Arquivo Público encontraram uma coleção de negativos em vidro, que reuniam uma rica produção fotográfica do começo do século XX.
Mesmo que as cenas falem por si, elas rememoram uma verdadeira injeção cultural dentro da própria narrativa. As fotografias se relacionam com as perspectivas do cotidiano da população alagoana no século passado e, por outro lado, os textos traduzem a complexa arte de exprimir sentimentos através dos flashes.
A edição foi organizada e concebida por Wilma Nóbrega e Gian Carlo Silva, durante o exercício de suas atividades, respectivamente, enquanto superintendente e coordenador do APA.
Segundo o professor Gian Carlo, doutor em História do Norte e Nordeste, o exemplar tem por objetivo contar, através das fotografias, um pouco dos lugares e dos caminhos vistos e percorridos na Maceió de outrora.
“O acervo do Lavenère disponível no APA ganhou, através da publicação, um novo patamar. Tornou-se mais acessível para a população, que agora pode conhecer uma coleção única e cheia de imagens de Maceió, num passado registrado pelas lentes de um dos fotógrafos mais importantes de Alagoas”, explica o pesquisador.
Para o diretor-presidente da Fapeal, professor Fábio Guedes, a execução do projeto reverte o produto da pesquisa de volta à população alagoana: “Os registros que estavam guardados são inéditos. Permaneciam escondidos em uma das milhares de caixas do Arquivo Público e agora estão à disposição da sociedade. Resultados importantes e substanciais vão surgindo de várias fontes quando os investimentos em ciência são consistentes e contínuos”, frisa o gestor.
O interior do livro apresenta o artigo escrito na década de 1960 e, logo em seguida, um acervo de 200 fotografias que se dividem dentro de quatro categorias: Águas, Construções, Cotidiano e Lavenère.
No tema Águas é possível ver fotos da praia de Pajuçara e suas embarcações, como também o Porto do Jaraguá, o Riacho Salgadinho, bairros alagados e seus pescadores. Já em Construções, as cenas rememoram a estação de trem Great Western, o antigo Farol, o Mercado das Flores, as igrejas, a casa de Théo Brandão, assim como as construções da Praça e do Teatro Deodoro.
À parte Cotidiano cabem os registros de carros de boi, vendedores de água, o chafariz público, uma peça teatral, o carnaval de rua, barcas de chegança, dentre outras perspectivas. O acervo publicado no livro é longo e finaliza sua exposição com uma apresentação singular do fotógrafo francês. Os últimos takes revelam as expressões e um pouco da intimidade de quem está por trás das lentes do livro.
Para quem quiser conhecer um pouco mais da obra e suas imagens, pode-se folhear ou compra-lá na sede do Arquivo Público de Alagoas, ou ainda através do site Quilombada.