A revista Leitura estará disponível para o público gratuitamente na internet
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) iniciou um projeto efetivo para salvaguardar informações científicas. A ideia surgiu quando os editores do periódico científico Leitura, Jozefh Queiroz e Núbia Faria, sentiram a necessidade de migrar as informações dos exemplares para a plataforma de web. A partir disso, a equipe da Leitura, da Universidade Federal de Alagoas, procurou a Fapeal e fez a proposta de digitalizar todos os exemplares da mais antiga revista da Ufal.
A Fundação já possuía vínculo com as publicações dos Programas de Pós-graduação alagoanos, pois lançou em 2018 a 3ª edição do edital de Apoio à Editoração e Publicação de Periódicos Científicos, no qual a Leitura foi contemplada. Os pesquisadores propuseram então uma parceria para a digitalização dos exemplares impressos, de 1987 a 2009, junto a Coordenadora do Arquivo da Fapeal, Rosaline Mota, e sua equipe.
“Em reunião com o presidente da Fapeal, professor Fábio Guedes, nós falamos sobre a iniciativa do fortalecimento dos programas de pós-graduação e do resgate da memória científica. Com a sua aprovação, o professor Jozefh trouxe os materiais e nós pudemos dar início aos trabalhos”, explica a doutora em Ciência da Informação.
Garimpo
O editor da revista explica que este processo de compilação não foi nada fácil. Os editores precisaram garimpar 44 volumes que se encontravam apenas no formato impresso e nem todos estavam disponíveis na Biblioteca Central da Ufal.
“Nós temos mais ou menos 400 artigos que estavam limitados ao meio impresso e a gente pretende colocar novamente em circulação. Neles, os pesquisadores podem encontrar estudos textuais, teorias linguísticas, linguística e ensino, literatura, um leque amplo porque o conteúdo é interdisciplinar”, aborda o editor. A ideia do professor é promover o resgate dos volumes anteriores para divulgar estas pesquisas que ainda são citadas e possuem demanda, visto que tem contribuição acadêmica.
O processo da digitalização já foi iniciado. Ele está sendo conduzido pelo estudante do 8º período da graduação de Letras-Espanhol, Danilo Lins, que é o responsável pela captação das imagens. Tanto ele, quanto o editor Jozefh Queiroz receberam o treinamento para compreender o método utilizado pelo arquivo da Fapeal. Neste momento o aluno já está digitalizando a 3ª revista, o que compreende aproximadamente em 30 artigos.
Os exemplares serão disponibilizados gradativamente no site da revista, mas os três volumes digitalizados já estão disponíveis. A previsão é que até junho todos os volumes estejam acessíveis no formato. A iniciativa deu tão certo que se transformou num projeto de extensão da Ufal, já que vincula professores, alunos e a equipe da Fapeal.
O sistema digital
De acordo com a cientista, antes da plataforma de web as revistas possuíam problemas rotineiros advindos principalmente de questões de logística financeira. Isto provocava o atraso nos exemplares porque era necessária verba para impressão, um patrocínio ou número específico de assinantes para subsidiar os modelos. No entanto atualmente, as informações têm acesso livre e compartilhado na internet, e o Brasil representa um dos países mais avançados na disponibilização dos textos científicos, segundo a acadêmica.
“É importante abordar que este formato do Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER) foi um projeto do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), que se tornou fundamental para a comunicação científica dos periódicos, pois fez com que o Brasil saísse dos periódicos impressos para o mundo digital”, explica Rosaline Mota.
De acordo com o professor da Pós-graduação em Letras, atualizar o site da revista também foi indispensável, já que ele funciona como uma vitrine para a comunidade acadêmica. O pesquisador cita que, mesmo que o projeto da memória da Leitura tenha outra finalidade de divulgação e promoção das pesquisas, ele acaba retroalimentando um ciclo e atraindo novos autores. A partir desta atualização, por exemplo, o número de artigos recebidos pela internet subiu de dois para 23 textos enviados em cerca de seis meses, ou seja, 10 vezes mais apenas com o incremento em parceria com a Fapeal.
Expectativas
Abordando o contexto dos programas de Pós-graduação o acadêmico espera que as outras revistas universitárias atentem para esta necessidade, mas, além disso, movimentem suas produções. “Como editor da revista Leitura meus maiores interesses é o impacto tanto local, por movimentar os alunos da própria pós-graduação, para que eles venham e citem o periódico, e fora também, no sentido de captar autores”, declara Jozefh Queiroz.
Durante o mapeamento dos artigos, de imediato, o pesquisador já começou a indicá-los aos seus alunos que estavam desenvolvendo pesquisas, por alguns textos possuírem temáticas abordadas em trabalhos atuais. A proposta é atrair mais leitores no âmbito local, mas buscar que os próprios estudantes passem a citar as elaborações da pós-graduação, e seus estudos sejam publicados um dia da mesma forma.
Rosaline Mota frisa que pretende concluir esta parceria num evento voltado à comunidade acadêmica, divulgando os resultados e propondo novas ações com outros periódicos. Os leitores e estudiosos terão acesso aos conteúdos na íntegra, e os gestores dos PPGs poderão iniciar novas colaborações.