Edital planejado poderá ofertar até R$ 1,6 milhão em produtos para o empreendedorismo inovador
Tárcila Cabral, texto e fotos
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) está buscando se inserir com maior atuação no âmbito do empreendedorismo. Nesse sentido, participou na noite da última quinta (30), do Simpósio Internacional promovido pelo Centro Universitário Cesmac (Cesmac). O evento realizado pelos cursos de engenharias, arquitetura e sistema de informação trouxe, nesta primeira edição, o tema Desafios e Perspectivas de inovação e sustentabilidade.
Colaborando com os diálogos, a Fapeal conduziu uma das temáticas desenvolvidas nas salas, abordando o case do Projeto Centelha e do cenário atual de fomento à Ciência, Tecnologia & Inovação (CT&I). O diretor-presidente, professor Fábio Guedes, e a Assessora Científica de Projetos Especiais e Inovação, Juliana Khalili, discutiram as propostas e apresentaram o edital pela primeira vez junto ao público universitário.
O presidente começou sua fala explicando de que forma a Fapeal trabalha e como ela se relaciona com os órgãos parceiros e instituições de fomento, que contribuem na missão de angariar recursos para a ciência do estado. Este prelúdio é fundamental para que estudantes no início da graduação até os formandos entendam como funciona o cenário científico nacional e saibam como cooperar dentro dele.
“O sistema de CT&I permitiu que avançássemos no Brasil em vários setores. A importância das instituições é estratégica para o desenvolvimento científico, tomando o conhecimento como uma mola propulsora e resolvendo os problemas comuns nossos, gerando riqueza e melhor qualidade de vida”, frisa o economista.
O edital Centelha
Esclarecendo o programa, o professor Fábio Guedes explicou que o formato, trazido para o Governo Federal originalmente foi uma concepção produzida em Santa Catarina, chamada Sinapse da Inovação, estado que já possuía incubadoras de empresas ofertando todo um aparato técnico para tocar o processo de desenvolvimento, acelerando contratos, fornecimento e vendas, além de um polo tecnológico. Porém, ainda faltava uma indução, um empurrão para que a sociedade atuasse nesse sistema. Assim surgiu o Sinapse da Inovação.
Hoje, num parâmetro nacional o conceito se transformou no Programa Centelha, e esta foi a tônica da fala de Juliana Khalili. A assessora explicou que o projeto é uma iniciativa para o empreendedorismo inovador, que pretende transformar ideias em negócios de sucesso.
“O programa já pode ser considerado um mecanismo completamente inovador no Brasil no sentido de que, pela primeira vez, têm-se atores federais em todos os estados conjuntamente unindo esforços para um só propósito: apoiar empreendimentos que estão nas fases iniciais de liberação e prototipação”, citou a gestora.
A Fapeal espera receber nesta chamada até mil ideias. Destas mil propostas, serão selecionados 200 projetos de empreendimento, numa outra fase 100 projetos de fomento para, no final, chegar a um número entre 28 a 34 empresas contratadas.
A cientista política seguiu mencionando que seu público-alvo começa com os próprios alunos da graduação, pois se um aluno tem uma ideia que pode resultar num produto, ela é o estopim para florescer no programa. O Centelha vem abraçar uma lacuna que os próprios gestores observaram nas principais inciativas de apoio a desenvolvimento de produtos inovadores até então.
Em Alagoas, o edital poderá dispor de até R$ 1 milhão e 600 mil para estas ideias inovadoras, como subvenção econômica, ou seja, um investimento sem devolução de recursos. O retorno dos aprovados será revertido na geração de um produto aplicado ao mercado. Cada empresa contratada ao final do edital deverá receber um valor de R$ 57 mil, mas também bolsas de pesquisa, desenvolvimento e inovação, assim como monitoria e aceleração.
As bolsas serão ofertadas a princípio pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e os empreendedores contemplados no Centelha de todo o Brasil poderão concorrer a estes auxílios do CNPq. Mas, neste processo, os inovadores contarão também com as mentorias e acelerações, ou seja, receberão ao longo da avaliação capacitações para aprimorar as suas ideias e o projeto em cada fase dele.
“A empresa contemplada terá um selo Centelha e, por exemplo, vai ter acesso muito mais rápido a um investidor anjo, a um espaço de coworking, a um laboratório de prototipação. Provavelmente a gente vai conseguir ampliar o networking daqueles contemplados”, explica a Assessora.
E este sonho não é nada distante: poderão participar pessoas físicas que atendam aos requisitos do futuro edital, ou empresas com faturamento anual bruto de até R$ 4 milhões e 800 mil, criadas e formalizadas até um ano antes do lançamento do edital. Então são empresas jovens ou pessoas físicas que podem atuar no programa.
Deve-se lembrar ainda que existe a exigência do aporte de 5% de contrapartida do valor recebido pelas organizações, que será revertido no desenvolvimento do próprio projeto.
A fase atual do projeto na Fapeal compreende na articulação e preparação. A articulação se relaciona aos parceiros do programa e, similarmente a preparação dialoga com o público-alvo do Centelha. A previsão é lançar a chamada em setembro deste ano.