Tecnologia CranFlow, desenvolvida em parceria entre a Ufal e a Unicamp, se consagrou vitoriosa em solenidade realizada em São Paulo na última semana
Deriky Pereira
A plataforma CranFlow – Craniofacial anomalies: Flow, registration and management of cases elaborada em regime de cotitularidade entre a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) se consagrou vencedora no Prêmio Abril & Dasa de Inovação Médica na categoria Inovação em Genética. A ferramenta é responsável por fazer o registro e gerenciamento de dados clínicos e genéticos de pacientes e familiares com anomalias craniofaciais.
A professora Isabella Monlleó é uma das responsáveis pela plataforma, que deu origem ao Projeto Crânio-face Brasil, em 2003, falou sobre a vitória. “A premiação tem grande importância tanto para a plataforma quanto para o Projeto Crânio-face Brasil em cada um dos centros participantes. Primeiro, pelo reconhecimento científico e de impacto social da tecnologia desenvolvida. Segundo, por dar visibilidade nacional ao trabalho. É especialmente gratificante compartilhar esse prêmio com cada um dos participantes do Projeto nos 11 centros colaboradores”, vibrou.
Segundo a docente, desde o surgimento do Projeto Crânio-face Brasil até o presente, a Ufal e a Unicamp mantêm a iniciativa com financiamento público de pesquisas específicas com objetivos próprios. Ela reforça também que ao longo desse tempo, a Unicamp coordenou 15 projetos sendo 10 apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), 4 pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e 1 pelo Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS) da fundação paulista.
Já a Ufal coordenou 4 projetos e três deles foram guiados pelo PPSUS da Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas (Fapeal). “Destaco que os projetos coordenados pela Ufal tiveram impacto no Estado e repercussão nacional, visto que um deles foi contemplado no prêmio intitulado Experiências exitosas do PPSUS em 2017”, complementou Isabella. Você pode ler sobre a premiação neste link.
Monlleó reforçou a importância dos investimentos destinados pela Fapeal no fomento à pesquisa e reiterou que a fundação é um dos pilares da produção científica em Alagoas. “Sem dúvida alguma, os números, as publicações, os recursos humanos capacitados, os produtos tecnológicos, os prêmios… Tudo isso são resultados mensuráveis do impacto da ciência e da produção do conhecimento nas nossas Universidades. A Fapeal é um dos pilares da produção científica em Alagoas e assim contribui com a construção da nossa soberania. Há que se agradecer e reconhecer o compromisso, a correção, a ética e a transparência de quem faz a fundação. Sem ela, os tempos atuais seriam ainda mais obscuros”, concluiu a pesquisadora.
Sobre a plataforma vencedora
A CranFlow é um a plataforma de obra intelectual original e está registrada no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) em regime de cotitularidade entre a Ufal e a Unicamp. Antes dela, porém, dados de pacientes com anomalias craniofaciais já eram colhidos por meio de formulários de papel.
“Estes formulários eram enviados por correios à Unicamp, centro coordenador do Projeto Crânio-face Brasil, onde ocorria a inserção manual das informações na Base Brasileira de Anomalias Craniofaciais. Tanto esta Base de dados nacional quanto a CranFlow são produtos da parceria entre a Unicamp e a Ufal”, explicou Isabella.
Agora, por meio da CranFlow, os dados dos pacientes são coletados e inseridos diretamente pelos profissionais participantes do Projeto Crânio-face Brasil, que está implantado em 11 centros de atendimento a pessoas com anomalias craniofaciais, distribuídos em nove municípios das regiões Nordeste, Sudeste e Sul.
“O sistema também calcula automaticamente a somatória de sinais morfológicos dos pacientes com Fendas Orais auxiliando a codificação diagnóstica e analisa o preenchimento ou não de critérios clínicos de pacientes com suspeita de Síndrome da Deleção 22q11.2 que indicam a necessidade de exames genéticos específicos. Estes critérios foram definidos em estudos anteriores do grupo”, complementou a pesquisadora.
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