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Estudo inédito no país investiga impactos da pandemia sobre trabalho, renda, tarefas domésticas e cuidado à saúde, com ênfase no uso de Práticas Integrativas e Complementares (PICs)
A pandemia de Covid-19 e o isolamento social adotado como medida coletiva de prevenção ao novo coronavírus modificaram profundamente a rotina dos brasileiros, afetando relações familiares, de trabalho e, também, o cuidado à saúde. Para compreender os efeitos dessa dinâmica sobre a vida e a saúde da população e fortalecer políticas públicas de saúde, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) promove pesquisa on-line sobre como as pessoas vêm lidando com a pandemia e o isolamento social. O estudo “Uso de Práticas Integrativas e Complementares no contexto da Covid-19 (PICCovid)” é o maior já realizado no Brasil sobre a temática. Por meio de um formulário on-line, são avaliadas questões sobre trabalho, renda, tarefas domésticas e cuidado à saúde, com ênfase no uso de Práticas Integrativas e Complementares (PICs). Com 40 perguntas, a pesquisa pode ser respondida por qualquer pessoa com mais de 18 anos e leva, em média, menos de 10 minutos para ser concluída. Acesse: http://bit.ly/PICCovid.
A iniciativa é desenvolvida pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), em parceria com o Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativas e Complementares em Saúde (ObservaPICS) e o Centro Universitário Arthur Sá Earp Neto (UNIFASE). “As PICs apresentam ótimos resultados na Saúde Mental, para sintomas como ansiedade, insônia e estresse intenso, bastante comuns durante o isolamento. Queremos entender como essas terapias vêm sendo utilizadas diante de sintomas da Covid-19, de doenças crônicas e como forma de autocuidado neste momento de distanciamento social”, descreve Cristiano Boccolini, pesquisador em Saúde Pública do Laboratório de Informação em Saúde do Icict/Fiocruz. Além de Boccolini, participam da coordenação do estudo as pesquisadoras Patricia Boccolini, professora da UNIFASE, e Cristina Rabelais, também do Icict/Fiocruz.
Boccolini destaca que, apesar do recorte temporal, o estudo possibilitará traçar um panorama amplo e detalhado sobre a utilização das PICs no Brasil. “As PICs têm sido usadas para a melhoria da qualidade de vida, autocuidado, equilíbrio mental e emocional, mas não impondo ou propondo a substituição de condutas ou protocolos definidos pela comunidade científica para o tratamento da Covid-19”, destaca o pesquisador.
Práticas Integrativas e Complementares (PICs)
O Sistema Único de Saúde (SUS) reconhece 29 Práticas Integrativas e Complementares (PICs), recursos preventivos e terapêuticos que auxiliam na promoção da saúde e integram a medicina complementar. Dados do Ministério da Saúde revelam que o uso dessas práticas vem aumentando no país: em atividades coletivas, como yoga e tai chi chuan, o crescimento foi de 46% entre 2017 e 2018. Nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), o número de atendimentos já ultrapassa os 2 milhões.
A coordenadora do ObservaPICS, Islândia de Sousa, explica que as práticas estão organizadas em quatro sistemas médicos complexos: Ayurveda, Medicina Tradicional Chinesa, Homeopatia e Medicina Antroposófica. “Nesse universo, temos métodos de tratamento (fitoterapia e plantas medicinais, cromoterapia, aromaterapia, geoterapia, bioenergética, apiterapia, hipnoterapia, terapia floral, ozonoterapia); cuidados manuais e individuais (acupuntura, quiropraxia, osteopatia, massagens, reiki, imposição de mãos, meditação, musicoterapia, naturopatia, osteopatia, quiropraxia, reflexologia, shantala); termalismo social e crenoterapia; terapias corporais (tai chi chuan, ioga, lian gong, bioenergética); e terapias de grupo de apoio (Terapia Integrativa Comunitária, constelação familiar, biodança, dança circular)”, descreve Islândia, que é pesquisadora da Fiocruz Pernambuco