Seminário online concluiu a edição 2016 do programa de pesquisa que contribui para a saúde pública de Alagoas há 20 anos
Naísia Xavier
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e a Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas (Fapeal) realizaram o seminário final de apresentação de resultados para o Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), edição 2016.
Foram apresentados os dados de cinco projetos, nos quais pesquisa acadêmica e tratamentos médicos andam de mãos dadas. Os temas abordados são: Zyka vírus na gestação, esquistossomose, doença inflamatória intestinal, câncer de boca e risco de doenças crônicas em trabalhadores noturnos.
Esquistossomose
A Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) propôs uma forma mais eficaz de investigar a infecção pelo parasita de Schistosoma mansoni, ligada à presença de caramujos e considerada endêmica em Alagoas. O trabalho voltou seu foco principal para o município de Lagoa da Canoa, mas concluiu que as populações mais necessitadas de atenção no estado são as que vivem às margens do Rio Mundaú, incluindo vários municípios
Zyka e gravidez
O cuidado com os possíveis danos causados pelo zyka vírus numa gestação continua, pois ainda não existe uma forma de impedir que ele atravesse a barreira da placenta e contamine o feto, nem há um tratamento específico para as gestantes. Um grupo de pesquisa da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) se foca especialmente nas placentas. O grupo já apresenta resultados práticos em metodologia, práticas dos profissionais de saúde e fitoterapia, por exemplo: Pesquisadores da Fiocruz e de Santa Catarina vieram receber treinamento de pesquisa placentária em Maceió; um vídeo aula capacitando profissionais de saúde a analisar a placenta após o parto está sendo adotada por profissionais em Alagoas; testes in vitro observaram que uma substância presente nas sementes do maracujá inibiu a replicação do vírus; isso levou à geração de uma patente.
Trabalho e Risco de doenças crônicas
Já uma pesquisa voltada à profissionais que trabalham em turnos à noite na rede pública de saúde, em Arapiraca e Pernambuco, como enfermeiros e bombeiros, produziu informação qualificada correlacionando má qualidade do sono e risco de doenças crônicas como diabetes tipo dois e cânceres esporádicos, ou seja, aqueles que têm mais ligação com fatores ambientais do que com determinações hereditárias. No entanto, é necessário levar em conta o cronotipo individual: ou seja, se os ciclos orgânicos de cada pessoa se adaptam melhor ao dia, à noite, ou não demonstram preferência. A pesquisa também comparou o funcionamento orgânico diuturno e noturno de ratos, detectando alterações tanto nos genes causadores de câncer (oncogenes) quanto em fatores orgânicos de proteção, por exemplo, hormônios que são melhor processados pelo corpo humano na ausência de luminosidade.
Inflamação e Fitoterapia
Uma pesquisa que envolve químicos, farmacêuticos e médicos, voltada à terapias alternativas e complementares, buscando um tratamento com menos custo para o SUS e mais eficácia a longo prazo. Tomando um produto natural seguro, de uso milenar, o estudo avaliou o potencial da suplementação com substâncias presentes na cúrcuma para o tratamento de pacientes em cenários diversos da doença inflamatória intestinal. A pandemia afetou a coleta de resultados, que foi retomada neste mês de novembro. Mas o grupo de pesquisa, também ligado à Ufal e à Universidade do Porto, em Portugal, já observou diminuição das queixas nos sintomas, porém, ainda sem o controle do grupo placebo. Todos os pacientes voluntários receberam orientação nutricional pertinente ao caso. Outro resultado prático a que o grupo chegou foi a descrição das consequências extra intestinais da condição inflamatória, publicada em artigo científico.
Câncer de Boca
Formação de profissionais, orientação de pacientes com baixa renda, diagnóstico precoce, sobrevivência: todos esses fatores estão presentes numa pesquisa do Centro Universitário Cesmac voltada ao câncer de boca, cuja taxa de mortalidade ainda é considerada alta em Alagoas. O projeto partiu da constatação de que é difícil para os profissionais dentistas diagnosticarem a doença. O primeiro passo foi a qualificação deles, aliada à busca ativa de pacientes em risco. A partir disso, a notificação dos casos mais que dobrou entre 2017 e 2019, o que significa um aumento do diagnóstico precoce e diminuição significativa das mortes por esta causa.
Saiba mais
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Decit/Ministério da Saúde implantam o PPSUS como um programa de gestão compartilhada. Em Alagoas, os órgãos gestores são a Fapeal e a Sesau. Em Alagoas, os órgãos gestores são a Fapeal e a Sesau.
O avaliador externo do Seminário Final de Resultados foi o professor Kênio Costa de Lima, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Ele é odontólogo e doutor em Microbiologia Médica, com pós-doutoramento em Saúde Pública pela Universidade de Barcelona.