A pesquisa foi realizada no Centro da cidade, e abrigada na sede da Fapeal
Naísia Xavier
A ciência já percebeu que plantas e insetos são capazes de filtrar a poluição do ar urbano. Mas quais espécies detêm essa capacidade e até que ponto seu “uso” é eficaz para melhorar os ambientes habitados nas cidades ainda é algo que está sendo investigado.
Algumas áreas de Maceió foram consideras com níveis de poluição acima do padrão estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), principalmente a Avenida Fernandes Lima e o corredor de ônibus do Centro.
A Rua Melo Moraes, Centro, descida da Ladeira dos Martírios em direção ao Mercado, inclui-se nessa vizinhança. O número 354 abriga a sede da Fapeal, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas, que se tornou o locus de uma pesquisa desse tipo.
O grupo de pesquisa do Laboratório de Emergética e Resiliência de Ecossistemas (Lere), ligado ao Programa de Pós-Graduação Análise de Sistemas Ambientais – PPGASA, do Centro Universitário Cesmac, avaliou o potencial “biofiltrador” de cinco espécies, que habitaram por algum tempo, antes da pandemia, um jardim suspenso construído no estacionamento da Fapeal. Posteriormente, foram analisadas as concentrações de poluentes aéreos e metais pesados nos corpos destes insetos e plantas, em relação aos padrões de bioindicadores existentes à época.
Das espécies utilizadas, o agrião d´água ou agrião da folha larga (R. nasturtium aquaticum) foi o que demonstrou a maior captação de poluentes, durante o experimento. O estudo também recomenda painel com fibra e vasos de fibra de coco, para mais fácil execução e menor custo de um jardim vertical.
O professor Jessé Marques, doutor em Agronomia e orientador do trabalho, comenta que os resultados alcançados “reforçam o uso de plantas em grandes áreas urbanas para filtragem dos gases emitidos pelos automóveis, que contribuem para o aumento das doenças infecciosas pulmonares e intensificam o efeito estufa que é o principal gatilho das mudanças climáticas que ocasionam desordens nos diferentes ecossistemas”.
Publicação
O experimento consistiu no objeto da dissertação de mestrado da arquiteta Morgana Medeiros, superintendente administrativa da Fapeal.
A pesquisa gerou artigo científico, também assinado pelo professor Thiago Rocha, doutor em Inovação Terapêutica e pela professora Aldenir Feitosa, doutora em Química. O texto foi publicado pelo periódico Diversitas Journal, da Universidade Estadual de Alagoas e pode ser acessado gratuitamente neste link.
Os autores agradecem à Fapeal por disponibilizar o local para a realização da pesquisa e pelo recurso financeiro, destinado à compra de equipamentos e material de laboratório.