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Fapeal avalia resultados de integração entre academia e negócios

Pesquisadores e empreendedores apresentaram seminário final de projetos do PPG Empresa

Naísia Xavier

“Vocês aprenderam com a empresa? Vocês aprenderam com essa equipe da universidade?” Pesquisadores e empresários de Alagoas, respectivamente, apresentaram as suas respostas a estas perguntas durante o Seminário Final de Avaliação do PPG Empresa, realizado virtualmente pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) nesta sexta (21/5).

O evento reuniu os oito projetos selecionados no edital que foi lançado no final de 2018, com o propósito de integrar acadêmica e negócios. Cada um deles pareou uma empresa alagoana com um grupo de pesquisa de um dos programas de pós-graduação (PPGs) locais, tornando possível para pesquisadores de áreas diversas dedicarem os seus trabalhos de iniciação científica, conclusão de curso, mestrado e doutorado à resolução de problemas e desafios realmente existentes nas atividades dos empreendimentos parceiros.

Vida Real

“Não existe desenvolvimento sem ter o apoio cientifico” foi uma das conclusões alcançadas pelo lado empresarial da parceria, representado nessas palavras de Glauber Tenório, representante da Cooperativa dos Produtores Rurais do Vale do Satuba, a Coopervales Agroindustrial.

Ele diz que seu principal resultado foi a “identificação de potencial de mercado”, “consumidor de produto inovador”. O produto, por agora, é uma barra de cereal que agrega valor ao melaço, antes visto apenas como um subproduto da mercadoria principal. Mas, a partir de agora, os cooperados, adicionaram a inovação e a academia aos seus horizontes de negócios.

Pontos Fortes

Os resultados apresentados foram todos relativos à inovação e/ou competitividade, e os potenciais são diversos. “Intensificar nossa parceria com a academia vai trazer diferenciais competitivos para a empresa”, declarou John Cordeiro, da Weni, empresa no ramo de tecnologia da informação.

A partir do impulsionamento dado pelo PPG Empresa, mesmo com as dificuldades da pandemia, algumas empresas vão fazer mais investimentos em infraestrutura e pessoal. Houve casos, por exemplo, de construção de sede própria, interação com outros oito estados, e aumento de contratação de pessoal, ou seja, geração de novos empregos. Também estão em curso processos concretos de transferência de tecnologia e de proteção de propriedade intelectual de produtos inovadores, com potencial de mercado, que foram produzidos durante a execução dos 24 meses do edital.

Mais um dos exemplos é o projeto que envolve a aplicação médica de um subproduto da própolis vermelha de Alagoas, e  que deve prosseguir dos laboratórios in vitro para testes clínicos em seres humanos.

“A Economia do Conhecimento é a economia do futuro. O dinheiro para esse edital foi bem gasto, bem direcionado, com resultados qualitativos. No geral, os resultados são muito animadores e trazem para a gente confiança. A Fapeal é governo. Para que as coisas continuem acontecendo do jeito certo, precisamos que as empresas cresçam e contratem”, avalia o professor João Vicente Lima, diretor executivo de CT&I da Fapeal.

Academia

Um dos principais objetivos do PPG Empresa foi simplesmente criar a cultura de relacionamento entre universidades e empresas. E do lado dos grupos de pesquisa, para além da produção científica, os resultados também foram significativos.

Em pelo menos um dos projetos, mais duas instituições se interessaram em acrescentar bolsas de pesquisa, apostando no potencial dos estudos de produto. A maioria dos projetos foi desenvolvido por alunos de mestrado, e em pelo menos um caso o projeto vai prosseguir com o desenvolvimento em nível de doutorado. Alguns participantes decidiram prosseguir na carreira acadêmica, enquanto em pelo menos uma ocorrência, o profissional vai prosseguir na colaboração comercial.

Houve graduandos que conseguiram estágios e concluintes de iniciação científica que foram de fato contratados pelas empresas. Além disso, ocorreu pelo menos uma interação com universidade estrangeira e pelo menos um caso de pesquisador com bolsa federal em Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora – DT.

A professora Camila Dornelas, doutora em Ciência e Tecnologia de Polímeros menciona que um dos principais impactos do projeto no seu PPG (Ciências Farmacêuticas, na Ufal) foi o econômico, pois a bolsa que o edital concedeu a aluna não interferiu nas no quadro de bolsas comuns do PPG: “Nas condições políticas em que estamos, é imprescindível”, pondera a docente da Ufal, parceira da empresa Interacta Química.

Também participaram as empresas Gold Cafés, Aloo Telecom, Apícola Fernão Velho, DMD2 e as respectivas contrapartes acadêmicas de todas as empresas.

Financiamento

O edital aportou, para dois anos de execução de projetos, R$ 762 mil em recursos do Governo de Alagoas através da Fapeal e da Fapeal e R$1 milhão em recursos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, através do CNPq. A contrapartida das empresas selecionadas foi 25% do valor destinado para bolsas, sendo estes recursos de origem privada operacionalizados pela Fundação Universitária de Apoio de cada instituição acadêmica.