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Produtos alagoanos enriquecidos com própolis e pesquisa

Parceria entre Fapeal e CNPq garantiu apoio a estudo que adicionou ativos nutracêuticos em café de empresa local

Tárcila Cabral

 

Um resultado PPG Empresa CNPq/Fapeal

Canalizar pontes efetivas de trabalho e colaboração entre a academia e o setor produtivo: Aqui no Brasil instituições e universidades se movimentam para completar este percurso. Atenta a essa demanda, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) tem executado nos últimos anos editais para promover a conexão de estudos aplicados ao empreendedorismo.

Um deles é o PPG Empresa, lançado em 2018, fruto de uma parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), orgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

A iniciativa aportou recursos através de bolsas de mestrado e doutorado, com a finalidade de direcionar teses e dissertações para solucionar problemas empresariais. Foram disponibilizados R$1,7 milhão, sendo R$762 mil em recursos do Governo de Alagoas, através da Fapeal, e R$1 milhão oriundo do CNPq.

O programa já chegou a sua última etapa, e a Fapeal inicia a divulgação dos resultados. Por exemplo: Uma iniciativa da empresa Gold Cafés, a linha “Coffit”, de suplementos, foi uma das propostas contempladas no edital, e já possui três patentes à vista.

O seu desenvolvimento foi executado em parceria com estudiosos que compõem tanto o Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF), como o Programa de Pós-Graduação em Nutrição (PPGNUT), ambos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). O coordenador da pesquisa foi o professor Ticiano Gomes, farmacêutico com doutorado em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos que, junto aos seus alunos, uniu forças à empresa.

Após uma experiência inicial ligada ao café verde, aflorou o interesse por começar a investir em produções próprias alagoanas, que mesclassem elementos regionais e com indicação geográfica, diferenciado o produto local de similares importados. A proposta seria elaborar linhas que mantivessem as propriedades do café, mas com um diferencial baseado em aspectos de altos valores nutricionais e de qualidade de vida.

“A parceria começou com a empresa Fernão Velho trazendo própolis vermelha para o nosso café torrado. Nessa conversa, eu soube do interesse da pesquisa do professor Ticiano, o que deu início ao projeto. Aqui a gente se conheceu e ele ficou fazendo os estudos. Eu achei muito bom, porque assim como a universidade precisa da ajuda da gente, a gente precisa da dela”, pontuou Gustavo Antunes, diretor e proprietário da Gold Cafés.

Quanto ao trabalho da equipe de pesquisa, os apoios concedidos pela Fapeal contribuíram para a padronização do processo produtivo, na fase de produção das cápsulas e para o aumento do leque da linha de produtos especiais Coffit.

Foram executados três projetos em paralelo, que incrementaram a linha de cafés com algumas combinações, envolvendo o fitoterápico com propriedades anti-inflamatórias Uncaria tomentosa (unha de gato); óleo de açaí, que é um antioxidante rico em vitamina E, e mais um produto da região norte de Alagoas, a própolis marrom esverdeada de União dos Palmares, da qual já se investiga potencial anticancerígeno, a partir da alta concentração de artepellina-C.

O professor Ticiano Gomes enfatizou ainda que o destaque na associação de dois elementos em cada produto, combinando os seus diversos princípios ativos em um único item, resulta em diferenciar os artigos alagoanos, por exemplo, dos produtos de países como Estados Unidos e Europa, que consomem cápsulas compostas somente por café verde. Outro diferencial citado por Gomes é que a formulação obtida pela equipe manteve todos os fatores nutricionais na forma do café sólido, o que é incomum.

Os três subprojetos e seus resultados constituíram o projeto contemplado pelo PPG Empresa, sendo desenvolvidos enquanto estudos pelos bolsistas CNPq/Fapeal Arthur Luy, Fernanda Calheiros e Mailde Liodorio.  O coordenador do estudo relata, ainda, que todos os trabalhos explorados possuem motivo de depósito de patentes e já estão sendo direcionados a esse fim.

O pesquisador agradeceu a Fapeal pela credibilidade depositada no estudo, especialmente num período no qual a maior parte dos programas de pós-graduação alagoanos está sofrendo com os elevados cortes de bolsas federais, e é este apoio aos alunos que mantém em funcionamento as pesquisas. Gomes também relatou o desafio que é coordenar pesquisas simultâneas, por isso, os apoios financeiros para ciência devem ser compreendidos como uma prioridade orçamentária.

O farmacêutico conclui que é importante continuar produzindo pesquisas e divulgá-las para a população, gerando não só dados empíricos, como produtos de alta qualidade para o consumo local e indicadores de inovação no estado.

Inovação

Para Gustavo Antunes, diretor Gold Cafés, a inovação tornou-se um elemento fundamental para manter vivos os empreendimentos no atual cenário brasileiro, sendo preciso, segundo ele, estar sempre em constante movimento nos diversos setores, reconhecendo suas lacunas e necessidades. Enquanto o grupo de estudos realizava o desenvolvimento das formulações com os produtos, ele implementou investimentos em maquinário e rótulos, para auxiliar nos desdobramentos do projeto.

O empreendedor enxerga uma grande amplitude para os produtos locais e com indicação geográfica, como é o caso da própolis vermelha alagoana, que é uma das mais ricas no mundo em propriedades nutracêuticas. Ele frisou que a substância somada ao café transforma a bebida num potente alimento, além da sua combinação na linha Coffit também gerar itens de alto teor nutritivo:

“O nosso café é totalmente diferente, até porque essa própolis de Alagoas é ainda mais diferenciada do que as outras em suas propriedades. Então, nesse sentido esse é um produto totalmente exclusivo, nosso”, frisou Antunes.

Quem quiser a oportunidade de conhecer a empresa, pode acessar o site ou Instagram da Gold Cafés (@goldcafes). Além disso, os pontos físicos, em Maceió, são a Mr Coffee, o Café Farol e o Palato. Mais informações sobre a comercialização dos produtos Coffit, desenvolvidos na pesquisa, em processo de patente, também devem ser buscadas com o produtor.