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Ferramenta apoiada pela Fapeal aplica tecnologia para auxiliar pacientes com câncer

A Oncotarget é focada na avaliação da agressividade da doença, visando uma menor taxa de reaparecimento do câncer, melhor sobrevida e qualidade de vida para os pacientes

Tárcila Cabral

 

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) continua, em 2021, assídua na missão de promover a consolidação de um ecossistema inovador local. Um dos editais responsáveis por alavancar o setor empreendedor é o Programa Centelha, que tem se voltado a gerar startups cujo escopo é unir diferencial inovadores à propostas robustas.

Operacionalizado em 2020, o Centelha apoiou 28 ideias, e uma delas foi a Oncotarget, proposta submetida pelo pesquisador e professor do Programa de Pós-graduação em Ciências Médicas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Carlos Fraga. O conceito da ferramenta vem sendo projetado desde 2006 por estudiosos que pertencem a Liga Acadêmica de Genética do Câncer, mas foi somente em 2019 com a possibilidade do edital que a ideia ganhou forma.

O grupo passou a trabalhar no desenvolvimento de estratégias para o tratamento de câncer, produzindo assim um mecanismo focado na avaliação da agressividade da doença e de apoio na tomada de decisões para o tratamento médico. O coordenador do estudo e gestor da empresa, professor Carlos Fraga, esclarece que, quando o câncer é muito agressivo há a necessidade de análise dos genes para saber qual o melhor tratamento a ser indicado.

A empresa, assimilando esta lacuna, se empenhou na produção de painéis de marcadores genéticos, que são aplicados a algoritmos para avaliar o prognóstico dos pacientes. A partir dos resultados dos exames, o médico poderá tomar decisões para o tratamento, adequando suas resoluções ao perfil genético de cada paciente:

Professor Carlos Fraga

“Inicialmente nós analisamos os genes presentes no tumor e no tecido normal, identificando se estão relacionados à quimioterapia e à sobrevida do paciente. Após selecionados os genes específicos, os pacientes nos enviam a amostra biológica e nós analisamos a expressão dos genes citados acima”, abordou o estudioso.

O gestor contextualiza, ainda, que, atualmente, a ferramenta auxilia a investigar os casos de câncer de mama, pulmão, cabeça, pescoço e próstata, mas o grupo está ampliando o rol do estudo para contemplar igualmente os casos de câncer de ovário, leucemia, melanoma, glioblastoma e colorretal.

O diferencial deste recurso é o impacto que vai além do apoio médico: o seu uso pode fornecer uma menor taxa de recidiva – de reaparecimento da doença –, uma melhor sobrevida e qualidade de vida para os pacientes.

Sob o ponto de vista empreendedor, a iniciativa também consegue se sobressair por fornecer painéis seguros e de precisão graças aos algoritmos específicos da análise de genes.

“Em Alagoas a maioria dos pacientes que necessitam da realização de análises de painéis genéticos não possuem condição financeira para pagarem o exame, nosso produto é mais acessível e teremos quotas gratuitas anuais. As pessoas que utilizarão nossos painéis terão maior qualidade e tempo de vida durante e pós-tratamento da doença”, frisou o pesquisador.

O intuito de Carlos Fraga é que em breve o produto esteja disponível no mercado, pronto para comercialização, o que significaria a concretização de um projeto que pode ampliar perspectivas médicas e de vida para os pacientes acometidos pelo câncer.

Neste contexto, o gestor finaliza pontuando que os investimentos da Fapeal foram fundamentais para idealização do recurso que deve impactar positivamente não só o mercado alagoano, como criar novos horizontes no âmbito das ciências médicas no estado.

As 28 startups criadas na primeira edição do Programa Centelha receberam investimentos do Governo de Alagoas, através da Fapeal, e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, através da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), além de recursos e apoio do Sebrae local e da Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Secti).