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Pesquisa apoiada pela Fapeal analisa condições socioambientais em União dos Palmares

Estudo mapeia as áreas vulneráveis cortadas pelo riacho Cana Brava, com a finalidade de monitorar possíveis emergências e auxiliar órgãos em tomadas de decisão

Tárcila Cabral
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Alagoas é um estado de enorme capacidade ambiental e turística. A vasta riqueza ecológica, que dá nome ao estado, através das lagoas, perpassa esse cenário repleto de recursos naturais. Enxergando esse potencial, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapeal) investe em editais e pesquisas que valorizem, preservem e até movimentem os ecossistemas locais, encontrando formas produtivas do coexistir neste espaço.  Um estudo em particular desponta por permitir que analisem os riscos socioambientais da cidade em que habitam.

A pesquisa consiste em mapear áreas vulneráveis na cidade de União dos Palmares. Este tema recebeu, nas últimas décadas, uma atenção teórica crescente, que se intensificou em estudos sobre desastres naturais advindos de eventos climáticos e hidrológicos (chuvas, secas e/ou estiagem e inundações). Tais análises mostram que as cidades que apresentam estes tipos de riscos possuem problemas constantes, especialmente aquelas que são cortadas por rios.

De acordo com Lidemberg Lopes, este é o cenário visualizado em União dos Palmares. Ele é coordenador do estudo e professor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal) e comenta que a cidade contém o rio Mundaú e seus subafluentes, como o riacho Cana Brava. E são nas margens dos rios que as populações menos favorecidas acabam se alocando. Com isso, as margens dos subafluentes são conhecidas como áreas vulneráveis.

“As áreas vulneráveis, estão relacionadas com problemas sociais ambientais, e elas são intensificadas principalmente por ocupações irregulares ou desordenadas dos ambientes mais frágeis. Os principais componentes que acarretam problemas de ordem ambiental são: a retirada da vegetação, os assoreamentos e aterros dos corpos hídricos, a destruição de dunas, das margens de rios, lagoas e mangues, a impermeabilidade do solo que dificulta o escoamento das águas das chuvas, dentre outros”, explicou o doutor em Geografia.

Dessa forma, há risco de enchentes, inundações e alagamentos, que causam danos extensos e até perdas de vidas e outros impactos, como pessoas desalojadas, desabrigadas, feridas e enfermas, além da destruição de equipamentos públicos.

Projeto de pesquisa de impacto social e ambiental

O Projeto de Iniciação Científica (Pibic) foi desenvolvido por duas alunas do curso de licenciatura em geografia do Campus V/União dos Palmares da Uneal, Maria Ranielle e Késsia Cassiano. A Fapeal fomentou uma das bolsas do trabalho, que também contou com o apoio do Laboratório de Estudos sobre Vulnerabilidade Socioambiental (LEVSA). Em seu seguimento, a pesquisa apresentou diversas etapas até o resultado final, que foi um mapa das áreas alagadas pelas águas do riacho Cana Brava.

Munidos com todos os dados, Lidemberg Lopes cita que foi possível traçar os critérios e indicadores para o estudo e análise socioambiental das comunidades do entorno do Cana Brava.  O resultado foi a confecção de mapas temáticos, tendo como produto final o mapa das áreas vulneráveis por transbordamento das águas do riacho.

De acordo com o pesquisador, incentivos à pesquisa são essenciais. Em sua perspectiva, a Fapeal é uma grande parceira, que contribui com as universidades em Alagoas e permanece exercendo um papel importante por lutar pelas instituições de pesquisa.

“Esse órgão de fomento tem colaborado muito com a Uneal, na contribuição das bolsas, sejam de graduação ou pós-graduação, o que ajuda de forma imensurável os discentes, pois elas além de auxiliar na manutenção das pesquisas, contribuem com a formação cidadã. A Fapeal, juntamente com o Governo do Estado, tem contribuído muito com os projetos de excelência e patentes das mais diversas ciências. Só que ainda temos necessidade de mais bolsas e ajuda financeira para uma melhoria na educação básica e superior”, acrescentou o estudioso.

A relevância do projeto para o estado está em dispor um conhecimento prévio acerca dos atributos ambientais de uma área. Conhecendo seus componentes físicos e biológicos, catástrofes ou eventos naturais ficam mais previsível e mais fáceis de conter ou mitigar.

“Veja para quer serve um Laboratório de sismografia? Nos avisa sobre tremores de terras e sismos, sobre relação de vulcanismo, tsunami enfim são ferramentas na contribuição e controle de desastres a nível global. E sobre a climatologia ou meteorologia temos alguns órgãos que vem nos ajudar, veja a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos de Alagoas (SEMARH), ela nos deixa a par sempre de boletins de chuvas, e avisando das cheias de nossos recursos hídricos. Com essa sistematização de dados e monitoramento constante teríamos minimizados várias enchentes, inundações e alagamentos, como no caso da enchente de 2010 na região das Bacias Hidrográficas do Rio Mundaú e Paraíba do Meio”, frisou o doutor em Geografia.

O potencial do estudo vai além de contribuir com os fatores socioambientais da região, disponibilizando informações a grupos sociais diversos e setores produtivos.  A finalidade, segundo Lidemberg Lopes, é de contribuir com a administração pública, seja a estadual ou a municipal, no que merece destaque as tomadas de decisões gerenciais, principalmente para os Planos Diretores das cidades, em especial a que serviu de objeto da pesquisa, União dos Palmares.