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Fapeal chama atenção para a campanha Janeiro Branco

Pesquisador comenta ações de promoção da saúde mental

Naísia Xavier

Dr. Jorge Artur Coelho

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapeal) chama a atenção dos alagoanos para a importância da campanha Janeiro Branco, voltada para promoção da saúde mental. E entre as ações preventivas e educativas, a Fapeal convidou o professor Jorge Artur Coelho, doutor em Psicologia, docente e pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (Famed/Ufal), que recomenda o autocuidado.

“Comportamentos de autocuidado são frequentemente recomendados em contextos estressantes para manter a saúde e o bem-estar”, explica o cientista. “Enquanto os comportamentos tradicionais estão associados à saúde física e à prevenção de doenças, os comportamentos de autocuidado se concentram mais na promoção da saúde mental”, observa.

De acordo com o profissional, hábitos como ter um hobby, relaxar e a interação social por meio das “redes de apoio  podem fazer a diferença. “Alguns comportamentos tradicionais de saúde se enquadram nesse guarda-chuva, como alimentação saudável e prática de exercício físico, devido aos seus conhecidos benefícios para saúde mental”, complementa.

Desde 2014, a campanha Janeiro Branco busca pautar o tema nos mais diversos espaços de comunicação e convivência da sociedade brasileira, para além dos clichês, estigmas e desinformações que rodeiam o tema saúde mental. Frequentemente, no Brasil, a maioria das pessoas só busca apoio para essa área das suas vidas quando já estão em situação de adoecimento.

No entanto, fica o alerta: “Como em quase tudo na vida, o autocuidado requer a orientação de profissionais de saúde mental. O uso popularizado do termo autocuidado via redes sociais e a qualidade das informações divulgadas podem levar aos riscos da automedicação, por analogia”, alerta o pesquisador, que já foi consultor da Unesco e atualmente participa de um projeto internacional para a promoção da saúde mental de crianças e adolescentes, com apoio do Governo de Alagoas, por meio da Fapeal, em parceria também com a Fap do Mato Grosso do Sul (Fundect).

Janeiro Branco

O Janeiro Branco é uma campanha significativa devido à realidade na qual se insere: De 10% até 20% das crianças e adolescentes no mundo sofrem de alguma condição classificável como problema mental. De acordo com o Unicef [Fundo das Nações Unidas para a Infância], a perda anual de capital humano causada por condições de saúde mental em crianças e adolescentes é de 387,2 bilhões de dólares (ajustado pela paridade do poder de compra). Sendo US $ 340,2 bilhões com transtornos que incluem ansiedade e depressão e US $ 47 bilhões com suicídios.

Para o pesquisador, ainda não estamos em uma situação de informação disponível e conscientização suficientes, principalmente no que diz respeito a pessoas de baixa renda. Especialmente em relação a pais e responsáveis, ele sugere ações nas redes públicas de saúde como: Desenvolver sistema de rastreio de problemas de saúde mental em crianças e adolescentes nas escolas; identificar, avaliar evidências e implementar intervenções para prevenir e tratar problemas de saúde mental de crianças e adolescentes;  fortalecer a conscientização de que o estigma continua sendo uma força poderosa e uma barreira para que crianças e jovens procurem tratamento; apoiar os cuidadores desenvolver programas parentais, que podem incluir informações, orientação e apoio financeiro e psicossocial.