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Alimentação saudável e inovação caminhando lado a lado

A Le Fit, empresa apoiada pela Fapeal, já possui duas invenções patenteadas que inovam o mercado gastronômico da confeitaria

Tárcila Cabral

Alimentação saudável pode ser uma inovação? Um talento que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) apoia está provando que sim. Aprovada na 1ª edição do Programa Centelha, a empresa de confeitaria saudável Le Fit foi contemplada enquanto ainda era uma ideia. O intuito da proposta era criar uma pasta americana sem açúcar, para atender a demanda de públicos globais crescentes: aqueles que têm restrições alimentares e também os que optam por uma alimentação mais saudável.

A ideia de investir nesse mercado surgiu quando Daniela Souza que é odontóloga por formação, havia retornado a Maceió, após realizar o seu mestrado e doutorado fora do estado. A partir da sua volta, a dentista precisou lidar com uma questão: a sua mãe havia passado por um procedimento cirúrgico e tinha se tornado diabética. Assim, a filha passou a repensar alternativas para uma alimentação mais saudável, porém sem excluir os doces.

Pudim Le Fit

O que parecia uma nova etapa complexa, na verdade não foi nada desgastante para ela: a gestora explica que trabalhar com a confeitaria na verdade já era um hobby prazeroso e que o processo criativo a encantava. Souza costumava realizar trabalhos manuais com os doces, admirava a beleza das construções gastronômicas, por isso a ideia de adaptar as receitas para um modelo sem açúcar não foi inicialmente difícil. “Eu comecei a criar e adaptar receitas, logo passei a ter resultados muito interessantes e satisfatórios, surpreendentes comparados ao que já existiam no mercado”, citou a odontóloga.

A empreendedora menciona que essa facilidade para desenvolver os produtos também foi decorrente das suas experiências laboratoriais, que a tornou habituada a realizar testes e utilizar conhecimentos e métodos de transformação. Nesta jornada de aprendizados, se passaram seis anos, nos quais ela conciliava a rotina de atendimentos no consultório e aperfeiçoava receitas. Chegando a 2020, quando todos os três filhos já estavam em idade escolar, Daniela Souza enxergou ali uma brecha de tempo e resolveu tentar empreender, mas como acadêmica que era, observava a necessidade de buscar instrução.

“Eu comecei realmente a buscar conhecimento, naquele ano antes da minha última filha entrar na escola. Fui procurar o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e solicitei orientação sobre como é abrir um negócio e o que era preciso. A partir disso eu já efetuei o meu CNPJ, contratei uma nutricionista pelo programa Sebrae Tech e abri, realizando também um teste de mercado, onde coloquei os meus produtos e tive os feedbacks”, frisou a empreendedora.

Brigadeiro Le Fit

A confeiteira explica que todo esse trabalho de produção e de apreender com o público foi muito relevante, mas existiam dificuldades e oscilações no mercado. Houve um ponto em que, pela falta de um marketing mais eficiente, a empresa passou por uma fase difícil, sem capital suficiente para dar retorno às atividades. Entretanto foi justamente num dos períodos mais complexos de sua existência que a Le Fit deu uma guinada na sua jornada, a partir de uma demanda do mercado.

Uma das lojas clientes da empresa, pela qualidade dos alimentos já conhecidos, pediu um brigadeiro fit. Logo, dando mais uma chance ao mercado e persistindo na ideia de empreender, a gestora fez suas pesquisas, desenvolveu a sua criação e hoje o brigadeiro é o carro chefe da Le Fit. Com suas variedades e sabor único, ele se tornou o responsável por fazer com que a empresa entrasse na maior parte das lojas de referência em produtos naturais de Maceió.

Atualmente, o produto já está há dois anos consolidado na empresa e área gastronômica, mas anualmente são lançados novos itens especiais.

“A gente quer cada vez mais ir agregando valor através do lançamento de novos itens, estamos fortalecendo a marca, aumentando o nosso público, e o Centelha também contribuiu muito para que a gente mantivesse viva a nossa empresa nesse caminho”, ressaltou a empresária.

Centelha e o apoio da Fapeal

Segundo a profissional, os apoios fornecidos para o desenvolvimento da Le Fit foram fundamentais no melhoramento das receitas e na sua estruturação comercial. Ela explica que o Edital Centelha auxiliou o seu negócio em diversos segmentos, com as orientações, mentorias, capacitações e conteúdos para expandir o conhecimento acerca do empreendedorismo.

Daniela Souza com os doces Le Fit

“Para além do suporte financeiro que o programa gerou, permitindo que a gente melhorasse o produto, foi possibilitado que desenvolvêssemos um protótipo avançado, ele forneceu um conhecimento pessoal que refletiu na empresa, no seu crescimento. Então, o Centelha deu essa oportunidade e promoveu um amadurecimento, um novo olhar de como conduzir pontos que a gente precisa considerar nesse processo”, explicou Daniela Souza.

Ela cita inclusive que o auxílio foi o que proporcionou a equipe não só submeter uma nova patente da receita elaborada pela chef, mas testes laboratoriais e químicos para analisar o tempo de validade, além de corroborar com os materiais de validação para potenciais clientes. Toda essa construção era necessária para garantir a confiabilidade do produto, a segurança e também a aceitação do consumidor.

Produto submetido ao Centelha e expectativas futuras

O produto submetido pela Le Fit à chamada pública Centelha da Inovação era uma ideia antiga da empreendedora, para conseguir entregar a sua mãe diabética um bolo saboroso e confeitado, mas que demandava uma pasta americana sem açúcar. O item já vinha sendo desenvolvido de forma pioneira por Daniela Souza, quando ela passou a pesquisar o mercado para analisar os modelos existentes. Foi neste contexto que ela verificou a inexistência de outros tipos de fabricação semelhantes.

Então a profissional se adiantou para realizar o primeiro pedido de patente que, após a aprovação da empresa no programa Centelha, passou a contar com uma segunda submissão. A confeiteira explica que graças aos recursos a empresa conseguiu trabalhar no melhoramento da tecnologia da receita, com a utilização de novos materiais, entregando assim uma pasta americana sem açúcar de qualidade superior à primeira.

“Agora, nós estamos num momento em que precisa ser feito o contato com grandes indústrias, para apresentar o nosso produto ou mesmo despertar o interesse para que ele seja trabalhado. Então tem todo um potencial de ser desenvolvida a produção desse material e a divulgação dele como uma criação única no mercado mundial, com grandes chances de ser comercializada”, declarou Souza.

Atualmente, os planos futuros que a profissional tem para a Le Fit, é que o negócio possa crescer e se tornar uma empresa que fabrique em grande escala, a ponto de realizar uma distribuição que atenda não só Alagoas, mas que permita entrega em outras regiões. Neste contexto, ela espera trabalhar mais fortemente a pasta americana sem açúcar, para que também passe a ser divulgada e espalhada em mais espaços comerciais.

A partir disso Daniela Souza espera que, com a fábrica instalada o produto consiga cumprir uma demanda de mercado que ela sabe que existe, e que está atrelada ao seu produto inovador que alcança inúmeros requisitos e expectativas de consumidores específicos. Segundo ela, o intuito é que a empresa cresça cada vez mais e que possa se tornar uma robusta linha de fabricação para diversos alimentos naturais, produzindo-se em grande escala e distribuindo para todo o país, num crescimento gradual.