Professor apoiado pela Fapeal promove observações e aprendizados estelares no Observatório Astronômico Genival Leite Lima
Tárcila Cabral
Uma jornada celeste que vai além da imaginação: a superlua desta quarta-feira (30) se tornou inspiração para uma aula prática de astronomia aberta para a comunidade. O cenário foi o Observatório Astronômico Genival Leite Lima (OAGLL), que fica no Cepa, no bairro do Farol, em Maceió. O momento foi conduzido pelo pesquisador apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), Adriano Aubert, que lidera o Projeto de Iniciação Científica Júnior (Pibic Jr) intitulado INICIA (Iniciação Científica em Astronomia).
O professor reuniu alguns telescópios e abriu as portas do OAGLL para que as pessoas pudessem ter acesso aos conhecimentos e à observação, na prática, do fenômeno. Adriano explicou que a superlua ocorre devido ao fato de a lua girar em torno da terra em uma órbita elíptica. Sendo assim, num determinado período, ela se encontra num ponto de máxima aproximação com a Terra, chamada perigeu.
“Ela se mostra aparentemente maior. Então quando a lua cheia ocorre próximo ao seu apogeu, é a microlua, e quando ela ocorre próximo ao perigeu, que é o ponto de máxima aproximação, é a superlua”, afirmou.
Adriano afirmou que a aula prática, que envolve também a observação do céu, é uma experiência importante para divulgar conhecimento e se relacionar com a sociedade. Ele, no entanto, informou que o OAGLL vai suspender as visitações para que o local passe por reformas. Após a conclusão das obras, o desejo é retomar as visitações abertas à comunidade três vezes na semana.
Estudos de iniciação científica
O professor teve sua proposta aprovada na última edição do Programa de Bolsas de Indicação Científica Júnior do Governo de Alagoas. Ele obteve 10 bolsas para pesquisas que começaram no mês de julho. “Os alunos do ensino médio do 1º e 2º anos vão desenvolver as análises. São 10 projetos de pesquisa no INICIA, e cada aluno vai ser responsável por um projeto”, observou o físico.
Adriano Aubert explica que a primeira grande temática dos estudos envolve a arqueoastronomia, pois é de conhecimento científico que Alagoas possui pinturas rupestres, principalmente as margens do rio São Francisco. Os pesquisadores vão verificar se existem nas pinturas registros ou símbolos que façam referência à astronomia.
“Por que a gente faz essa pergunta? Porque no mundo existem vários registros feitos. Um, é no Salão dos Touros na gruta de Lascaux, na França, que tem constelações representadas no céu. Essas figuras rupestres [de Alagoas] datam de 10 mil anos atrás, então a gente vai tentar investigar isso. Será que aqui é possível identificar elementos pictográficos que estão relacionados à astronomia, à observação no céu? Esse é um dos temas”, frisou Albert.
O segundo segmento científico envolve a sociedade. Para esta análise, o grupo visa saber qual é o nível de aproximação que determinados grupos de pessoas têm com a astronomia básica. Eles perguntam sobre assuntos como: A Lua é o quê, uma estrela, um planeta? O Sol nasce sempre no leste e se põe no oeste?
Serão construídas algumas questões e aplicados métodos estatísticos durante a produção da pesquisa. Desta forma os alunos pretendem medir o grau de envolvimento dos entrevistados acerca dos temas apresentados.
O terceiro projeto se caracteriza como a área mais ampla, de estrelas variáveis, que engloba analisar as estrelas que mudam de brilho.
“Eu particularmente gosto muito dessa área, e existem muitas estrelas que mudam de brilho. Eu acho interessante, primeiro, para saber o que a estrela representa para a gente. Se não fosse a estrela, o seu celular não estaria carregado, não existiria energia, a energia que está aqui dentro de mim é a energia do sol, que vem dos alimentos e foi transformada a partir da energia solar, entendeu? Então estudar as estrelas é algo fascinante”, mencionou o professor.
O projeto, segundo ele, vem para estimular e solidificar a educação básica no estado, como uma ponte direcionada a transportá-los à universidade. A meta é que, estudando as três áreas, eles possam alcançar até trabalhos publicados ao fim da bolsa do Pibic Jr.
Saiba mais
O Programa Mais Ciência, Mais Futuro é uma iniciativa do Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Secti) e da Fapeal. Lançado em abril de 2023, prevê investimentos de R$ 200 milhões em CT&I e educação, até 2026.
O edital Pibic Jr. foi um dos primeiros investimentos a partir do aporte inicial de R$ 33 milhões, previsto para 2023, que engloba, também, outras formas de financiamento a projetos científicos, bolsas de pesquisa, infraestrutura para as universidades e equipamentos de laboratório.