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Presidente da Fapeal profere palestra em evento de ciência e tecnologia

Na ocasião, Fábio Guedes falou sobre a ciência e a tecnologia no desenvolvimento de ecossistemas inovadores e sustentáveis

Deriky Pereira / Ascom Fapeal

 

Evento do Sinpete – Foto João Monteiro

A ciência e a tecnologia no desenvolvimento de ecossistemas socioeducacionais inovadores e sustentáveis. Esse foi o tema da palestra ministrada pelo diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), professor Fábio Guedes, durante o primeiro dia da Semana Interinstitucional de Pesquisa, Tecnologia e Inovação na Educação Básica (Sinpete) no auditório da reitoria da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), situado no Campus A.C. Simões, em Maceió.

Na ocasião, Guedes listou alguns fenômenos vivenciados no período corrente e que proporcionam reflexões, tais como a pandemia da covid-19 e o que considerou como ameaça à democracia brasileira, classificando-os como fenômenos em que podemos ver a história passando pelos nossos olhos. Ele emendou citando ainda os conflitos atuais entre Palestina e Israel e a guerra entre Rússia e Ucrânia.

“Nós ouvíamos falar [sobre conflitos do tipo], mas agora estamos vendo como eles se apresentam. Os conflitos trazem a barbárie. O lema da paz, do amor à vida, é importante no nosso momento. E o que isso tem a ver com nosso tema? O que é a ciência senão tentarmos entender o mundo social, físico? Claro que a ciência é alimentada por perguntas, mas a diferença é por quem elas são feitas e como elas são respondidas”, refletiu.

Relação entre ciência e conhecimento

Numa conversa com o público, composto por professores e pesquisadores da Ufal, mas também por docentes e estudantes da rede pública estadual e do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), Fábio Guedes também comentou sobre a relação entre conhecimento e ciência, ao dizer que esta visa fazer as perguntas, mas não apenas isso: também é preciso ler bastante e estudar sobre o que se busca responder.

“Na Ciência, você tem que conversar com seus pares, ou seja, com quem tem conhecimento sobre o tema. Tem que ler, estudar, tem que criar respostas, colocá-las de maneira muito singular, ou seja, perguntas são passageiras. Anotar, observar… Você vai buscar uma forma mais padronizada de tentar responder as perguntas, ou seja, o método. A prática, o resultado empírico, leva a determinadas soluções”, disse ele, direcionando-se aos jovens presentes na palestra.

Combate à desinformação e investimentos em CT&I

Fábio Guedes em palestra – Foto João Monteiro

Fábio Guedes também conversou sobre o avanço das fake news nos últimos anos ao refletir também sobre a importância de se combater a desinformação. “A pandemia foi um exemplo grande disso, quando a própria ciência passou a ser questionada e os cientistas, perseguidos. Vejam o nível de desinformação que temos hoje sobre os conflitos na Europa e no Oriente Médio. Os processos de educação científica são importantes para que possamos enfrentar a desinformação”, apontou.

Segundo ele, existem sociedades que conseguem lidar com essa situação de maneira mais altiva e isso depende do quanto os países investem em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). “Observem o investimento em pesquisa e desenvolvimento nos EUA: 2,8% de sua riqueza nacional. A Alemanha, 3%. A China, 2,5%. O Brasil? 1%. Esse é o nosso dilema. Não chegamos nem ao patamar de países como a Itália, que investe 1,4%. Temos um quadro no qual o Brasil precisa caminhar muito. Dentro do Brasil, o Nordeste. E dentro do Nordeste, Alagoas”, disse Guedes.

Alagoas prioriza a Ciência

Alagoas, por sua vez, vem avançando nos investimentos em CT&I, especialmente com o programa Mais Ciência, Mais Futuro, que vai investir R$ 200 milhões nos próximos quatro anos. Na ocasião, Fábio Guedes também citou o novo edital do Programa de Bolsas de Iniciação Científica Júnior (Pibic Jr), lançado pela Fapeal, para estudantes do 1º ano e 2º anos do ensino médio e/ou profissionalizante das escolas de tempo integral rede pública estadual e dos institutos da rede federal de ensino de Alagoas.

“São mil bolsas para esses estudantes e vocês sabem quantos mais temos como voluntários? 1.360. E mais: a maioria dos projetos não está concentrada em Maceió, pelo contrário, são cerca de 60 projetos em escolas do interior e os demais aqui na capital. A ciência tem seu tempo, de médio a longo prazo as coisas acontecem. Vocês que estão na Iniciação Científica vão chegar nas universidades com a formação que logo vai despertar atenção dos professores”, incentivou.

A força da ciência em prol da sociedade

Guedes apontou ainda que muitos ficarão também com vontade de prosseguir em busca de conhecimento e, para tanto, não será preciso ir muito longe: “Sei que muitos aqui presentes sonham em continuar estudando, se questionando e fazendo perguntas. E como esse sonho pode virar realidade? Buscando outros estados? Não, olha pra cá. Tem aqui em Alagoas. Gratuito, a maioria deles, público. E com vagas ociosas, outro desafio para o país. De 2017 para 2022, saímos de 380 mil alunos ingressantes nas Unidades da Federação para 320. Temos que também compreender o motivo desse fenômeno”, refletiu.

E, em seguida, questionou: “Onde está o nosso problema? O que está acontecendo com a sociedade? Com os nossos estudantes do ensino médio? Essas perguntas que envolvem vocês podem ser respondidas com experimentação. E a ciência proporciona isso. A gente tá regredindo com menos interesse pela educação, pela ciência, com a desinformação prevalecendo. Acham que falta Ciência? Interesse em fazer questionamentos? Sim. Esse é o momento de buscar isso, de ajudar ao próximo com essa formação científica, ajudar àquele que não teve essa oportunidade com a busca pelo conhecimento”, provocou.