Em conjunto com o CNPq, Fundação avaliou os primeiros seis meses do edital que investiu R$ 3 milhões para a atração e fixação de estudiosos de alto nível em Alagoas
Tárcila Cabral – texto
João Monteiro – Fotos
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) promoveu, na última quinta (19), o Seminário de Avaliação Parcial do Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil. A chamada foi operacionalizada em conjunto com o Conselho Superior de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), visando criar condições para atrair pesquisadores de alto nível e fixá-los a Programas de Pós-Graduação (PPG) locais.
O edital teve início em abril deste ano e possibilitou a vinda de 20 estudiosos, com investimentos orçados em R$ 3 milhões. Os recursos foram divididos para custeio de materiais e equipamentos, e as respectivas bolsas de pós-Doc para mantê-los em atividades nos grupos de pesquisa. Tudo isto foi avaliado dentro do cronograma de trabalho que havia sido proposto para os primeiros seis meses de atuação nos PPGs.
Wilber NascimentoWillber Nascimento foi um dos pesquisadores aprovados na chamada para apresentar os seus resultados parciais. Ele abordou que o fomento se mostrou indispensável para atraí-lo a produzir ciência em Alagoas:
“A minha pesquisa visa responder a seguinte questão: Qual o efeito do índice ou do indicador de nível socioeconômico sobre o aprendizado escolar? Isto é, a gente tenta identificar até que ponto as escolas são capazes de alavancar os desempenhos dos estudantes quando avaliados o seu aprendizado em português e matemática no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e também auxiliando com a criação de relatórios e de políticas necessárias. Por isso esses recursos estão sendo muito relevantes. A maior parte deles vai ser utilizada para comprar equipamentos, porque, trabalhando com este volume de dados, a gente precisa de computadores modernos. Além disso, pretendo dar divulgação aos dados elaborados. Então, uma parte dele a gente também vai utilizar para divulgação em eventos nacionais e internacionais”, citou o Doutor em sociologia.
Neste contexto, ao longo deste ano foram articulados diversos projetos desenvolvidos em conjunto com os centros de estudo locais, sendo possível visualizar trabalhos como A arquitetura celular das neoplasias da mama e ovário; O desenvolvimento e caracterização de membranas poliméricas; Áreas marinhas protegidas para recifes de corais; Propriedades ópticas e hidrodinâmicas de fluidos complexos; Plantas de cobertura afetando a qualidade do solo e a dinâmica do fósforo; dentre outros projetos.
Retomada de investimentos em Alagoas
Empolgado pelo cenário das produções e dos novos dados, o presidente da Fapeal, Fábio Guedes, apontou que este é um novo momento para a pesquisa brasileira, que vivenciou nos últimos anos uma série de retrocessos e escassez econômica no cenário científico nacional.
“Este Programa de Fixação de jovens doutores, em parceria com o CNPq, é muito importante para nós, porque sabemos que temos uma carência muito grande de bolsas de pós-Doc no Brasil. Para se ter uma ideia, o país veio formando aceleradamente doutores nos últimos anos, mesmo com a crise, porém, as bolsas de pós-Doc foram limpando, sobretudo as do CNPq, que está se esforçando para poder recuperar o orçamento para os bolsistas”, abordou o presidente.
Para o gestor, houve uma consequência das lacunas de subsídios federais, o que provocou a ideia de formatar melhor o setor, para permitir que a comunidade acadêmica pudesse continuar com as suas pesquisas, equilibrando-se, assim, com o cenário oportunizado por outros países. Isto vem sendo desenvolvido numa escalada proeminente, segundo ele, pois o Brasil já havia sofrido drasticamente com a fuga de cérebros para universidades estrangeiras.
Quem também pontuou que essa retomada está sendo fundamental foi o reitor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Josealdo Tonholo, uma vez que expôs a relevância de se realocar os recursos e vivenciar uma nova fase para a pesquisa brasileira.
“Essa é uma boa hora de a gente conversar um pouquinho e começar a respirar com vistas a esse reposicionamento tão necessário. Eu acho que essa fala do Fábio foi fundamental do ponto de vista da importância desses programas, de apoio à permanência e fixação de jovens doutores, e por isso eu acho que existe uma ótica um pouco diferente no ambiente da ciência e da tecnologia neste momento e a gente não pode deixar de surfar nesta onda”, frisou o reitor.
Josealdo Tonholo também explicitou aos presentes e ao analista em Ciência e Tecnologia do CNPq, Igor Barros, a necessidade do diálogo mais próximo com os gestores dos Ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação, sobre novos aportes para Alagoas. Ele citou que seria significativo endossar outros programas com mais recursos e estruturação técnica.
Em resposta a estas questões, o analista teceu comentários acerca da luta existente na retomada dos investimentos e parabenizou o trabalho realizado em Alagoas pelos estudiosos locais nos PPGs:
“Esses programas são muitas vezes escassos e, quando não são escassos, é necessária uma batalha para realocar os recursos nos locais corretos. Para este edital, inicialmente, estavam previstos R$ 60 milhões. Nós brigamos aqui para R$ 100 milhões, depois esticamos mais um pouco e foi para R$ 130 milhões. Mesmo assim é sabido que foi pouco, porque três Faps ficaram de fora. Nós agradecemos também às universidades do estado de Alagoas, em que foi feito um trabalho fenomenal com os pesquisadores e em termos de elevação da nota da Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior]. Isso indica a qualidade que tem sido dedicada à formação dos nossos pesquisadores”, completou o analista.