Assessor Científico de Pesquisas e Tecnologias do órgão, Daniel Carvalho, ministrou palestra ao lado de Magna Suzana, da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação
Deriky Pereira e Vinícius Soares – texto e fotos
Com palestra sobre Pesquisa e Iniciação Científica, o Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (Ichca) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) deu início à sua programação durante o 33° Congresso Acadêmico de Iniciação Científica (Caic) na tarde da última terça-feira (28). A atividade foi conduzida pela coordenadora de Pesquisa da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propep), Magna Suzana, e pelo assessor científico de pesquisas e tecnologias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), Daniel Carvalho, que representou o professor Fábio Guedes, diretor-presidente do órgão.
Daniel apresentou um breve resumo dos investimentos feitos pela Fundação desde 2015 nas mais diversas áreas do conhecimento e traçou um paralelo sobre a relação entre as políticas públicas e a atuação dos gestores da Universidade frente aos investimentos para a comunidade científica.
“A gente, dentro da Universidade, fica mais na crítica e pensando no que deveria melhorar, mas para mudar a política pública, a gente deve gostar da política pública… Devemos ter uma relação melhor com ela. E, desde quando entramos lá na Fapeal, desde 2015, de uma forma bem consciente, a gente começou a inserir os pesquisadores dentro dos projetos”, refletiu.
Ele destacou o contraste de investimentos entre as ciências humanas e as ciências exatas – que costumam receber mais investimentos de ordem financeira, mas isso não significa que as humanidades não sejam contempladas pelos recursos da Fapeal.
“A gente sabe que as ciências humanas são um pouco mais baratas para fazer, elaborar projetos, e eu, agora, na Fapeal vejo isso. Na Física, por exemplo, chegam casos de o professor precisar bastante de um equipamento que, sem ele, a pesquisa não andaria. Nas ciências humanas não é assim. Podem precisar de menos equipamentos, talvez até mais mão-de-obra de alguém para ser contratado para fazer algo da pesquisa X, o que faz com que a gente consiga fazer uma boa redistribuição dos recursos”, explicou.
Daniel declarou que, atualmente, o maior desafio da Fapeal é uma política de internacionalização. “Trazer editais, dosar publicações, divisão de bolsas não por área, mas por quantidade de bolsas disponíveis, tentar atender todos de maneira mais igualitária”, salientou o assessor.
“Não devemos normalizar o anormal”
Em sua fala, Magna Suzana trouxe um exemplo da gestão do primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, que tinha, durante seu governo em 2015, 50% de participação feminina em seu organograma. A professora destacou uma frase do gestor: Todos nós temos a responsabilidade em promover o direito das mulheres e, em seguida, contou que, apesar dos avanços, ainda estamos longe de um patamar de equidade, especialmente nas universidades.
“Quando olhamos para mulheres na ciência um importante parâmetro é o número de bolsistas de produtividade, incentivo dado pelo governo federal para estudantes de Iniciação Científica, mestrado e doutorado, por exemplo. Dados do CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] mostram que homens representam 78% de bolsas de produtividade contra 22% das mulheres. Esse dado não é só em Alagoas, mas a nível nacional. E, nós, infelizmente, não temos representatividade em cargos de poder de decisão”, lamentou, ao completar dizendo que isso parece ser apenas um detalhe, mas não é.
Suzana também comentou sobre o tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023, que abordou o trabalho invisível que as mulheres têm: “Quando olhamos para as interseccionalidades, o problema fica ainda mais evidente, principalmente quando envolvem as mulheres mais pobres, negras e marginalizadas. Muitas mulheres ainda convivem e aceitam algumas opressões no cotidiano, inclusive, se submetem a posições degradantes. Por isso, não devemos normalizar o anormal”, salientou Magna.
Política de equidade de gênero
Visando essa situação, a Ufal deu início à construção de uma política de equidade de gênero. “O Nordeste não possui nenhuma política de equidade até o momento, então, a Universidade Federal de Alagoas será a primeira da região a incluir essa política”, cravou Magna Suzana.
A professora Maria Aparecida Batista, que ministra aulas no curso de Relações Públicas, acompanhou a palestra e reforçou que a Universidade precisa avançar na política de equidade de gênero: “A gente vê a violência perpetuada em todos os níveis, campos. Assédio moral que a gente precisa, dentro da Universidade, rever essa discussão, do etarismo… Então, a Ufal precisa mesmo ter uma política de equidade face à sociedade que a gente vivencia. A Universidade como produtora de conhecimento tem essa missão”, frisou.