Amitis venceu o prêmio do BNDES enquanto negócio de impacto que mais se destacou e ainda conquistou os empresários do programa televisivo Shark Tank
Tárcila Cabral – texto e fotos
Na crescente onda de empreendedorismo voltado para impacto social, a história de uma startup se destaca como um exemplo de transformação. A Amitis, nascida a partir de uma ideia germinada no ambiente acadêmico, ganhou corpo por meio do apoio e investimento da Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Secti) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). Selecionada no edital de inovação Lagoon Startups, a trajetória da empresa liderada por Liliane Vicente e Lílian Santos, já inclui conquistas como o BNDES Garagem – prêmio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – e participação no programa de TV Shark Tank.
A startup surgiu com o propósito de diminuir as problemáticas relacionadas à fome. Após muitas pesquisas e estudos as fundadoras entenderam que a má distribuição de alimentos, a baixa renda e os desperdícios que são gerados na cadeia produtiva eram os principais agravantes para o complexo. Dessa forma, em vez de tentar desenvolver uma solução que focasse na fome diretamente, elas trabalharam pensando através da causa raiz, então fizeram a aplicação de hortas hidropônicas que é uma técnica de cultivo ainda nova em Maceió.
Nesse manejo é possível fazer a plantação sem ser diretamente na terra, essa é uma forma de inovação e sustentabilidade que a Amitis traz para o seu negócio, desenvolvendo capacitações dentro das comunidades vulneráveis com o auxílio de empresas clientes que são focadas em responsabilidade social.
“Nós conectamos essas empresas a uma comunidade que é onde a gente vai plantar as hortas e, comunicamos os resultados para elas através de relatórios de impacto. Então é possível ter um retorno sobre isso também por alguns fatores, mas os principais são que elas vão contribuir com os indicadores de ESG e com o ecossistema ao seu redor”, frisou Liliane Vicente.
Prêmio BNDES Garagem e a participação no Shark Tank
Quanto ao prêmio, a dupla relembra que tentou participar desde a primeira edição do BNDES Garagem, mas não obteve sucesso. Por isso, em 2023, o foco era acessar novamente o edital e tentar levar essa conquista para casa. Logo, a empresa foi avançando nas etapas do programa, mas também progrediram enquanto empreendedoras nesta jornada.
“Trouxemos o relato da vida de um garoto que foi realmente transformada a partir da experiência com o projeto, o que o fez mudar o olhar para o seu objetivo de vida, que antes era de ser um policial que mataria bandidos, para, após a experiência, escolher se tornar um cientista que iria produzir um carro que funcionaria com combustível a partir da casca da macaxeira e que teria a função de espalhar sementes pelo mundo”, citou a outra CEO, Lílian Santos.
As gestoras também abordaram a própria trajetória da startup no programa, onde a empresa pivotou, contratou pessoas, validou e vendeu produtos, conquistando dessa forma, os jurados. A Amitis assegurou o primeiro lugar para Alagoas, evidenciando os índices alcançados e o crescimento da empresa.
Já ao abordar a experiência de estar do programa televisivo Shark Tank, as representantes lembram com orgulho do processo longo, mas gratificante que foi estrelar o show. As empresárias citam que tudo foi previamente analisado, desde as próprias condutas profissionais até os demonstrativos financeiros da empresa. Logo, apesar de terem iniciado a inscrição no início deste ano, elas seguiram as seletivas avançando até chegarem a etapa final em maio, onde receberam uma aprovação e deveriam estar em São Paulo no prazo de uma semana para gravarem o conteúdo.
Com a edição sendo exibida em 20 de novembro, todos puderam conferir que ao final da performance de Liliane Vicente, dois empresários fizeram uma proposta conjunta para a Amitis: José Carlos Cemenzato e Monique Evelle, e de cara a resposta foi positiva. Elas explicam que além do valor financeiro pensaram também nos empreendedores que poderiam agregar de fato para o desenvolvimento do negócio, visualizando um formato já projetado por elas, o de franquias em outros estados: “Estamos neste estágio de entender como vai funcionar fora de Alagoas, no qual se tem de pensar em todo o processo operacional. Portanto a franquia seria a melhor forma, e a parte de impacto também seria muito importante”, frisou a Liliane Vicente.
Apoio da Fapeal e o ecossistema alagoano
Quando perguntadas sobre o apoio do Governo de Alagoas ambas narram essa trajetória porque, como a startup surgiu de um projeto social elas conquistaram a relevância de programas em nível nacional, mas ainda não participavam do ecossistema estadual.
“Foi aí que em determinado momento vimos o post do Lagoon Startups e a gente se inscreveu. Nós estávamos no começo da nossa trajetória, vendo quais seriam as principais relações que precisávamos fazer para atrair as pessoas, e no programa conseguimos elaborar alguns MVPs, isso então foi muito importante para a gente”, frisou Liliane Vicente.
A empresa foi acelerada na primeira etapa do edital e depois foi aprovada para a segunda fase com o fomento garantido. Através do Lagoon Startups elas puderam lançar um de seus produtos atuais que são os boxes de leguminosas – item voltado para a questão da melhoria da distribuição de alimentos. As gestoras frisam que estes recursos foram muito relevantes, pois no início do negócio existiam diversas demandas e obstáculos, só que, com este investimento elas puderam ter um incentivo para pensar melhor e vencer os desafios.