O professor Fábio Guedes contextualizou a defesa da aplicação de recursos para ciência e tecnologia com dados do cenário atual de indicadores econômicos positivos
Naísia Xavier
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) promoveu um dia de mobilização online com o intuito de resguardar o debate público sobre a aplicação de recursos para Ciência, Tecnologia e Inovação no contexto atual do ajuste fiscal de recursos federais, em evento online, nesta segunda-feira (25/11). A SBPC representa 161 sociedades científicas afiliadas e milhares de cientistas associados.
Um dos convidados a falar no evento foi o professor Fábio Guedes, diretor-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). No momento, ele também é o secretário executivo da Iniciativa para a Ciência e Tecnologia no Parlamento (ictp.br).
Em sua fala, ele apresentou uma série indicadores econômicos atuais: “Está previsto, agora para 2024, um crescimento da economia brasileira de 3,5% do PIB nacional, em cima de um crescimento do PIB de 2023 de 3%. Ou seja, uma base já bastante alta; para se ter uma ideia, entre 2014 e 2022 a média de crescimento da economia brasileira foi quase 0%”, apontou o economista e doutor em administração pública, referindo-se ao Produto Interno Bruto.
Ele explicou, ainda, que de 2023 para cá, a economia brasileira tem crescido uma média de 3%: “E a perspectiva é que em 2025 cresça 2%. Isso dentro de um crescimento populacional que está muito baixo, em padrões internacionais, o que mostra também há, de fato, um crescimento do PIB per capita”, calcula.
O professor Fábio Guedes também avaliou como importante o fato de que a taxa de desemprego no Brasil está convergindo para 6%, segundo ele:
“Agora, no último trimestre caiu 0,5%, ou seja, é a menor taxa registrada na série histórica desde 2012“, declarou.
“Além disso, a inflamação brasileira neste ano estará em torno de 4,5, muito inferior à média de longo prazo que é de 6%. Ou seja, do ponto de vista da economia, a receita federal e as receitas estaduais estão crescendo“, refletiu.
Na ocasião, o professor Fábio Guedes trouxe os dados com o intuito de provocar reflexão, e defendeu que a comunidade científica acadêmica e a sociedade em geral discutam os termos de pagamento da dívida pública brasileira, que considera uma questão particularmente grave em relação às das últimas duas décadas, e também os termos do ajuste fiscal atualmente proposto pelo governo federal.
O gestor defendeu que uma proposta de desenvolvimento nacional deve considerar os seus impactos para ciência, tecnologia e inovação e educação, e o sistema de produção de conhecimento brasileiro como um elemento central para o futuro do país: “Sem isso, e com os outros aspectos que interrompem o desenvolvimento nacional, nós não temos uma perspectiva de futuro“, declarou.
Ele apontou também que, ao se comparar a formação de mestres e doutores no Brasil com a situação em outros países, a situação da ciência nacional ainda é deficitária:
“Estamos num momento em que a ciência é pressionada por respostas sobretudo em temas que nos são muito caros. Vamos continuar discutindo mudanças climáticas no Brasil com cortes na área de ciência. tecnologia e inovação? Claro que não. Nossa comunidade científica e acadêmica tem que lutar muito ainda, junto aos nossos parlamentares, para que a gente possa de fato valorizar essas áreas, que são fundamentais para o desenvolvimento nacional“, concluiu o gestor.
Situação de Alagoas
Em abril de 2023 o Governador Paulo Dantas anunciou R$200 milhões para CT&I, em ações da Fapeal e da Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação, até 2026. De lá para cá, já foram investidos pelo menos R$60,5 milhões.
Confira a fala no professor Fábio Guedes na íntegra, no vídeo abaixo.