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Estudo apoiado pela Fapeal visa aprimorar segurança alimentar em bancas de cocadas da Massagueira

Projeto de pesquisa desenvolvido por alunos do Ensino Médio analisou a qualidade alimentar do produto, buscando preservar a identidade cultural da cocada para a região

Tárcila Cabral

 

Com o intuito de preservar a tradição e garantir a segurança alimentar dos produtos regionais, uma equipe de estudantes da rede pública de ensino de Alagoas, sob a orientação da professora Gabriela Rossiter, desenvolveu um estudo inédito sobre os riscos de contaminação em cocadas vendidas na Massagueira, em Marechal Deodoro. O projeto é apoiado pelo Programa de Iniciação Científica Júnior (Pibic Jr), financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), que incentiva estudantes a mergulharem no universo da pesquisa científica.

O estudo, intitulado ‘Risco de contaminação de alimentos comercializados em bancas de cocadas, segundo conhecimentos, atitudes e práticas autorreferidas de manipuladores de alimentos’, surge da importância cultural e gastronômica da cocada em Alagoas.

Segundo Gabriela Rossiter, orientadora e docente da Faculdade de Nutrição (Fanut) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o objetivo é, não só assegurar a segurança alimentar, mas também preservar a identidade cultural que o doce representa para a região. “Por ser um produto típico da gastronomia alagoana, é fundamental que seja valorizado e produzido com toda a segurança”, explica a professora.

Desenvolvimento e estruturação da pesquisa

Gabriela Rossiter (esquerda), cocadeiras e estudantes

No desenvolvimento da pesquisa, para capacitar os 10 alunos bolsistas da Escola Estadual José Correia Titara, a estudiosa e a coorientadora, Ana Paula Bulhões, realizaram aulas expositivas focadas nas boas práticas da fabricação de alimentos.

“Nessas oficinas, os alunos aprenderam conceitos essenciais de higiene e conservação dos alimentos. Também participaram de atividades práticas, onde puderam observar o processo de produção em casa e desenvolver fichas técnicas para cada preparação”, detalha Gabriela Rossiter.

A pesquisadora explicou ainda que a parceria com o curso de Nutrição da Universidade Federal de Alagoas foi fundamental para o desenvolvimento das fichas técnicas.

“Realizamos as preparações no Laboratório de Técnica e Dietética, com os bolsistas observando e registrando cada etapa. Além disso, o Laboratório de Controle de Qualidade de Alimentos (LCQA) nos ajudou a avaliar a qualidade microbiológica e sensorial das cocadas, confirmando uma validade de até 30 dias para o produto quando armazenado adequadamente”, acrescenta a orientadora.

A pesquisa também colheu informações sobre o perfil socioeconômico dos vendedores, o que ajudará na abordagem de futuras capacitações. Com o auxílio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a padronização da cocada alagoana, por meio das Fichas Técnicas de Preparo (FTPs), permitirá a produção de um alimento com identidade local, trazendo visibilidade à cocada como patrimônio imaterial.

Desta forma, a docente acredita que o projeto beneficiará o desenvolvimento turístico e econômico de Marechal Deodoro, promovendo segurança alimentar e enaltecendo a cultura gastronômica local.

Experiência enriquecedora para os jovens bolsistas

Equipe do Pibic Jr. e (ao centro) cocadeira

Os jovens participantes, por outro lado, relataram o impacto positivo da experiência. Para os bolsistas, a atuação foi enriquecedora, oferecendo um contato direto com o mundo da pesquisa científica. Eles abordaram que as oficinas e atividades práticas ampliaram suas compreensões sobre a segurança alimentar e as boas práticas de manipulação. O grupo frisou que o mais desafiador foi observar e registrar todos os processos durante as atividades em laboratório, mas que isso forneceu uma noção real da importância da padronização para garantir a qualidade dos alimentos.

Durante o projeto, a equipe também enfrentou situações que testaram os conhecimentos adquiridos. Um exemplo foi a análise de um lote de alimentos com temperatura inadequada. “Essa experiência nos mostrou a necessidade de vigilância constante e de aplicar as boas práticas aprendidas para evitar problemas futuros”, relatam eles.

Futuro acadêmico e impacto social

A participação no Pibic Jr também despertou o interesse dos jovens pela pesquisa científica e por carreiras ligadas à ciência dos alimentos. Eles reconhecem que a experiência no projeto foi um marco em sua formação acadêmica e profissional, incentivando-os a explorar áreas como microbiologia e tecnologia de alimentos.

A equipe produziu o estudo no decorrer dos 12 meses de vigência da pesquisa, mas foi além publicando um artigo científico que leva o mesmo título do projeto. Os estudantes integrantes deste trabalho são: Adhirson Silva, Diego da Silva, Gabriela Souza, Guilherme Santos, Maria Clara da Silva, Micael Silva, Paulo dos Santos, Raissa Cerqueira, Samuel Teixeira e Thalita Costa.

Pibic Jr está com inscrições abertas

No momento atual o edital Pibic Jr encontra-se aberto e disponível para submissões de projetos. Através da chamada, a Fapeal investe em iniciativas que não apenas se debruçam sobre a pesquisa, como envolvem o empreendedorismo inovador, olímpiadas do conhecimento e arte, cultura e economia criativa.

O intuito é desenvolver projetos junto aos estudantes da rede pública de ensino e dos Institutos Federais de Alagoas, abordando como o ensejo científico e empreendedor pode gerar impactos diretos na comunidade, contribuindo para a saúde pública, a economia local e a valorização do patrimônio cultural do estado.