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Fapeal e Ifal Batalha promovem aproximação entre produtores de leite e cientistas

Ufal, Emater, Faeal e Coopaz participaram da reunião

Naísia Xavier

Conectar a pós-graduação com os desafios da bacia leiteira: Eis a nova meta a que se propôs a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). E o primeiro passo para isso foi dado em uma reunião no Instituto Federal de Alagoas (Ifal), campus Batalha, nesta quinta (4/3).

Além de docentes e alunos do Ifal, também participaram da reunião pesquisadores de áreas afins da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), de programas de pós-graduação e campi diversos, e representantes do Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável em Alagoas (Emater); a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas (Faeal) e a Cooperativa Agropecuária de Produtores de Leite Familiar da Bacia Leiteira de Alagoas (Coopaz).

Professor João Vicente Lima

A reunião foi articulada pelo diretor executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapeal, professor João Vicente Lima: “A Secti e a Fapeal têm feito esse programa voltado para fazer com que as pesquisas da pós-graduação gerem respostas efetivas e diretas para quem está na ponta, produzindo. Só que a gente precisa ir para uma parte mais prática. Agora, a gente realmente precisa levantar com vocês, que estão na produção, quais são os desafios”, explicou o gestor.

A partir disso, a intenção da Fapeal é direcionar a produção de teses e dissertações da pós-graduação e, eventualmente, também trabalhos de conclusão de curso e de iniciação científica, para as necessidades dos produtores de leite de Alagoas. E visando soluções mais práticas, produtores presentes à reunião, de municípios como Arapiraca e Santana do Ipanema, declararam a disponibilidade de suas áreas cultiváveis como campo de experimentação para os pesquisadores.

André Ramalho

De acordo com o produtor André Ramalho, representante da Faeal, produtor leiteiro, dentre uma série de fatores positivos para a produtividade do leite em Alagoas, também existem pontos críticos, por exemplo “falta do gerenciamento dos índices zootécnicos, financeiros e econômicos”, ou seja, dados e soluções para dados, são um dos campos em que os PPGs podem contribuir.

Outra necessidade mencionada por André Ramalho foi a de ações de fiscalização em legislação fiscal, ambiental e trabalhista, que tenham também caráter educativo, antes de começar a aplicar as sanções.

O pecuarista, falando a respeito das oportunidades para os produtores, também mencionou o apoio das instituições governamentais, como a nova ação Secti/Fapeal, o apoio da Emater e ações do Sebrae e Senar, bem a presença das instituições de ensino no interior: “Esses cursos que a gente tem no entorno, em Arapiraca, palmeira, Delmiro, Santana do Ipanema…  O que está acontecendo? Os valores estão ficando. Porque, antes, os filhos tinham que sair, para estudar, e não voltavam mais. E a gente precisa dos valores aqui para movimentar isso”, refletiu.

Pontapé Inicial

Um exemplo disso é o próprio campus do Ifal em Batalha, que forma técnicos em agroindústria e biotecnologia e, neste ano, aprovou oito projetos de iniciação científica júnior, através do programa Pibic Júnior, financiado pelo governo Paulo Dantas.

Três deles são voltados ao tema da bacia leiteira, e dois especificamente às questões econômicas, além de mais um sobre letramento digital, o que pode contribuir com a formação necessária para a obtenção de dados, interesse declarado pelos produtores à Fapeal, durante a reunião.

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“Não estamos preocupados com quantidade de dissertação e tese; estamos preocupados com qualidade; se tivermos, por exemplo duas dissertações que impactem, que consigam evoluir para dar um resultado melhor, é o que a gente quer”, resumiu João Vicente Lima.

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 De acordo com dados da Embrapa (até 2021) e do IBGE, em publicações de 2023 e 2024, respectivamente, Alagoas figurou como 4º estado no Nordeste e 6º do Brasil em produtividade leiteira (rendimento de litros por vaca),    e 11º do Brasil, em 2021, produção (ou seja, total produzido).

De acordo com o anuário do leite da Embrapa de 2023, computando dados de 2013 a 2011, o mais expressivo aumento percentual de produção foi observado em Alagoas, com evolução de 0,7 milhão para 1,8 milhão de litros/dia, aumentando de 159% em nove anos. A maior parte desse leite é vendida para fora do estado.