Pesquisa apoiada por Fapeal e Sesau demonstra eficácia de suplemento para gestantes com pré-eclâmpsia e destaca o impacto de investimentos na saúde pública em Alagoas
Tárcila Cabral
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) tem impulsionado projetos inovadores que visam alavancar a saúde pública no estado. Por meio do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), edital financiado pelo Ministério da Saúde e gerido pela Fapeal em conjunto com a Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau), estudos que visam reduzir riscos durante as gestações têm florescido e dado frutos.
A pesquisa Suplementação em Gestações de Risco, conduzida pela professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Alane Cabral, foi aprovada no último edital do PPSUS em 2020. Voltando à investigação ao uso da N-acetilcisteína (NAC) em gestações com pré-eclâmpsia (PE). O composto é importante para a formação de um aminoácido determinante para que o corpo humano produza um antioxidante, relevante para a sua proteção.
A análise revelou resultados significativos: “As gestantes que fizeram uso da substância tiveram recém-nascidos com maior idade gestacional ao nascimento, em comparação àquelas que não utilizaram o suplemento”, citou a estudiosa.
Este resultado é substancial pois, de acordo com Alane Cabral, a maior idade gestacional está inversamente relacionada à prematuridade, um dos principais desfechos de gestações com pré-eclâmpsia. A redução da prematuridade contribui diretamente para menores taxas de mortalidade infantil, oferecendo um panorama mais positivo para a saúde materno-infantil em Alagoas.
METODOLOGIA E DESAFIOS DA PESQUISA
A realização do primeiro ensaio clínico pelo grupo de pesquisa trouxe desafios: No Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HU) – onde os dados foram coletados – a equipe enfrentou obstáculos como a adaptação dos voluntários aos procedimentos de investigação e a logística da coleta de sangue e dados. No entanto, com o apoio da Fapeal e a perseverança dos pesquisadores, estas adversidades foram superadas garantindo a continuidade e o sucesso do estudo.
“O projeto contou com financiamento da Fapeal e do CNPq, além de ter sido realizado no Hospital Universitário, referência em gestações de alto risco em Alagoas. Este apoio foi fundamental para a realização da pesquisa, demonstrando a importância das parcerias institucionais no desenvolvimento de estudos que visam o bem-estar da população”, frisou a professora.
A metodologia envolveu um ensaio clínico duplo-cego, no qual as gestantes com pré-eclâmpsia recebiam cápsulas de NAC (600 mg por dia), e o outro grupo, um placebo. Os resultados mostraram uma melhora significativa na idade gestacional ao nascimento, indicando um avanço importante na saúde tanto materna quanto fetal. Este achado reforça a potencialidade do NAC como um suplemento que faz diferença para gestantes em situação de risco.
Hoje, com base nos achados da pesquisa, é recomendada a inclusão do protocolo do uso de NAC (600 mg por dia) no pré-natal de alto risco para gestantes com pré-eclâmpsia em Alagoas. Segundo a doutora em biotecnologia em saúde, a doença costuma ser tratada com anti-hipertensivos e anticonvulsivantes, que apenas amenizam os sintomas. A adoção do NAC pode representar um avanço considerável, controlando melhor a base da doença e melhorando os desfechos das gestações e nascimentos.
Resultados assim reforçam a importância de investimentos contínuos em estudos no âmbito do SUS brasileiro. Em Alagoas, já estão sendo elaboradas as atividades precedentes à uma nova rodada do edital PPSUS, visando assim mais iniciativas que continuem a promover avanços na saúde pública pela inovação científica.
ENTENDENDO O EDITAL
O Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS) reúne pesquisadores e grupos de estudo para investigar problemas prioritários na rede pública de saúde. Em Alagoas, a última edição do edital, em 2021, aportou R$ 4 milhões, que foram destinados ao combate de doenças endêmicas, estudos de impacto mental, novos vírus como a Covid-19, análises gastrointestinais, distúrbios da diferenciação do sexo, entre outras temáticas, durante 24 meses.