Laboratório da Ufal ultrapassa as paredes da universidade e volta seus estudos a aplicações práticas e sociais
O Laboratório de Genética Molecular da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) estreou em 1998, quando o Centro de Ciências Agrárias (Ceca) da Ufal foi inaugurado. Desde então, trabalha com o intuito de contribuir nas áreas de saúde, agricultura, criminalidade, produtos patenteados e formação de profissionais de alto nível através de suas pesquisas. Segundo o professor, na montagem e disponibilização da infraestrutura do espaço de pesquisa enquanto complexo de produtos e serviços de inovação tecnológica. Outros parceiros importantes foram o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Universidade de Londres, entre outras agências de fomento.
A partir dos anos 2000, a Fapeal se propôs a financiar pesquisas do laboratório. Dentre elas, ganhou destaque a análise do genoma da cana-de-açúcar. Sob a tutela de Ramalho, o estudo estratégico possibilitou uma relação de parceria entre o laboratório e a Fundação, garantindo a repercussão em outros projetos, como o Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS). O apoio viabilizou uma máquina de sequenciamento automático de DNA, softwares, hardwares, bolsas de Iniciação Científica (IC) e layout físico. Só entre 2014 e 2017, a Fapeal contribuiu com R$ 405 mil para os projetos do professor Eduardo Ramalho.
A partir desta estruturação, o laboratório abrigou diversos projetos relevantes para a sociedade, como o monitoramento do vírus da hepatite C em Alagoas. Neste período, a Fapeal colaborou com as bolsas dos estudantes, o que garantiu bancadas lotadas de acadêmicos trabalhando em testes de RNA e DNA para a análise e controle dos portadores do vírus gratuitamente. Segundo o pesquisador, somente um dos exames custa R$ 850, mas eles foram disponibilizados gratuitamente para 17 mil pessoas por um período de três anos, a partir de 2003.
Contribuição à pós-graduação
O financiamento fomentou descobertas significativas, como a identificação de 52 proteínas da cana-de-açúcar: “Nossos alunos verificaram que, quando há falta de chuvas, a cana expressa proteínas que hoje podem ser exploradas para aumentar a produtividade desta espécie, e que têm a capacidade de ser transmitidas para outras plantas também”, explica o estudioso.
No âmbito do doutorado, também houve avanços. A estruturação do laboratório e as bolsas concedidas permitiram que estudantes e pesquisadores fossem além dos papers e desenvolvessem produtos. As pesquisas aplicadas renderam ao grupo cinco patentes, resultados de investimentos iniciais da Fapeal há quase duas décadas.
Estudos infectológicos
Na área infectológica, outros alunos do mentor ganharam destaque. Welber Xavier utilizou o laboratório para criar uma patente que é capaz de diagnosticar dez tipos do HPV (Vírus do Papiloma Humano). A ferramenta pode detectar as variedades de HPV que causam o câncer de colo de útero. Hoje, já se sabe que existem mais de 200 tipos diferentes e a metade deles é de alto risco. No Brasil, uma a cada quatro mulheres apresenta o vírus. No Nordeste, a proporção é de uma a cada três mulheres.
Patentes
Atualmente, são aproximadamente 20 produtos antifúngicos em processo de patente no laboratório, como sabonetes líquidos com capacidade antibacteriana e cicatrizante. O doutor em Biologia molecular também apresenta com entusiasmo o fruto de dez anos de pesquisa: um repelente 100% natural que atua contra mosquitos causadores da zika, chikungunya e dengue. Ele pode ser utilizado em adultos, idosos e bebês. O produto foi baseado em análise do genoma da cana, que possui um dos maiores DNAs vegetais de que se tem conhecimento e carrega, portanto, inúmeras informações.
Hoje, a placa do laboratório carrega o nome do presidente da Fapeal no ano 2000, que outorgou recursos estratégicos, intitulando o local de Laboratório de Genética Molecular Fernando Barreiros. Por sua relevância, o espaço ganhou a placa do CNPq em 2000, como reconhecimento ao laboratório mais eficiente do Brasil em sequenciamento genético automático de DNA para o Projeto Genoma.
“Nosso laboratório ganhou esta placa do CNPq e eu resolvi homenagear a Fapeal, porque sou grato por todo o apoio concedido. Graças aos subsídios, não só estruturamos um espaço, como financiamos pesquisas que retornaram à sociedade e contribuímos para que diversos alunos desenvolvessem projetos em alto nível”, conclui o pesquisador.