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Pesquisa financiada pela Fapeal mapeia desafios e oportunidades na utilização de dados estratégicos no estado

Estudo aponta que fontes de informação de qualidade impulsionam inovação tecnológica em Alagoas

Tárcila Cabral

 

Zayr Silva em congresso

Com o objetivo de fortalecer o ecossistema de inovação local, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) tem investido no desenvolvimento de pesquisas estratégicas para o estado. Um exemplo deste empenho é o projeto ‘Fontes de informação para impulsionar inovações tecnológicas em Alagoas’, conduzido pelo pesquisador Zayr Silva no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCI) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Sob a coordenação de Ronaldo Araújo, o estudo foi financiado pela Fapeal e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil.

A pesquisa, finalizada em fevereiro deste ano, identificou que a articulação entre bases de dados, publicações técnico-científicas, relatórios governamentais e inteligência de mercado são fundamentais para conectar empreendedores, pesquisadores e gestores públicos.

Esses documentos e perspectivas devem atuar para auxiliar os atores em tomadas de decisões mais assertivas. Além disso, iniciativas como o Centro de Inovação do Jaraguá (CIPT), e os programas OxeTech, da Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Secti) e Tecnova Alagoas (Fapeal/Secti, em parceria federal) também foram analisadas e enquadradas como exemplos bem-sucedidos de utilização dessas informações para fomentar a inovação.

Desafios e oportunidades para a inovação em Alagoas

Durante a execução do trabalho, Zayr Silva destacou que, embora haja um ecossistema de inovação ativo em Alagoas, ainda existem desafios na aquisição e uso estratégico das fontes de informação. O excesso de dados sem curadoria, a infraestrutura tecnológica limitada e a necessidade de maior capacitação de usuários são entraves que dificultam um melhor aproveitamento das informações disponíveis. “O uso de redes sociais e outras tecnologias facilita a disseminação de informações, mas pode comprometer a atualização e a qualidade dos dados”, explica o pesquisador.

Coordenador do estudo, Ronaldo Araujo

Segundo o estudioso e o coordenador, a solução passa por um esforço conjunto entre governo, academia e setor privado para aprimorar a governança da informação. “Cursos de capacitação, investimentos em infraestrutura tecnológica e projetos de pesquisa aplicada são essenciais para fortalecer o ecossistema de inovação”, ressalta Ronaldo Araújo.

Políticas públicas no universo da inovação

A investigação também analisou como as políticas públicas podem se tornar mais eficazes ao explorar melhor as fontes de informação. A Lei Estadual nº 8.956/2023, que estabelece diretrizes para Ciência, Tecnologia e Inovação em Alagoas, foi apontada como um avanço importante, mas que ainda depende de um alinhamento mais eficiente entre os setores público e privado.

Segundo o doutor, o ecossistema de inovação ainda enfrenta desafios estruturais. A falta de organização sistemática e a complexidade dos interesses entre os participantes dificultam a criação de um ambiente coeso para o desenvolvimento tecnológico. É neste cenário que a governança da informação se torna um fator determinante para otimizar processos e alinhar interesses.

A pesquisa do bibliotecário conclui que uma gestão eficaz das informações não apenas minimiza conflitos, mas também torna o ecossistema de inovação mais dinâmico e inclusivo. Por isso, é fundamental que os atores envolvidos, sejam públicos ou privados, desenvolvam uma gestão ética e estratégica das informações, utilizando redes de conhecimento, bases de dados e parcerias acadêmicas como ferramentas essenciais para impulsionar a inovação.

Investimentos da Fapeal na pesquisa

Zayr Silva em Seminário de Avaliação na Fapeal

Quando questionado acerca da condução da pesquisa, Zayr Silva aborda que ela só foi implementada graças ao apoio da Fapeal. O estudioso cita que a Fundação não apenas financiou o projeto por meio da bolsa de pós-doutorado, mas também proporcionou espaços para trocas de conhecimentos entre pesquisadores e avaliadores, além de estimular a divulgação científica dentro e fora do estado.

Ao longo dos dois anos de duração do projeto, a Fundação promoveu seminários de acompanhamento nos quais pareceristas avaliaram os avanços da pesquisa e contribuíram com sugestões para aprimoramento dos resultados. “Esses encontros foram fundamentais para agregar valor aos dados coletados e às informações produzidas”, destaca Zayr Silva.

Além disso, a relevância científica do estudo é igualmente evidenciada pela expressiva produção acadêmica resultante do projeto. Nos últimos dois anos, foram publicados aproximadamente 15 trabalhos, incluindo artigos em periódicos científicos nacionais, participação em eventos como o Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB) – o maior do Brasil na área –, e também da apresentação de um pôster no Encontro de Estudos e Informação Científica (EDICI), realizado em Lisboa, Portugal.

Arrematando, ele cita que o financiamento público viabilizado pela Fapeal não apenas fortaleceu a comunicação científica e tecnológica dentro e fora do estado, mas também cobriu custos essenciais para a pesquisa, como aquisição de livros, assinatura de softwares especializados e transcrição de entrevistas. “Sem esse suporte, seria inviável desenvolver um estudo desse porte”, enfatiza Zayr Silva.

Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil

A Fapeal é uma das instituições participantes do Programa Nacional de Pós-Doutorado Júnior (PDJ), lançado pelo Governo Federal para incentivar pesquisas em diversas áreas do conhecimento. Por meio desse edital, o projeto de Zayr Silva recebeu uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), permitindo a viabilidade das investigações.