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Hipertensão é tema de pesquisas para o SUS em Alagoas

fotospublicas.com
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Em 2013, a porcentagem de alagoanos afetados pela hipertensão já era de 19%, contribuindo para o total de 31 milhões entre os brasileiros (21% da população do país), de acordo com dados da Pesquisa Nacional em Saúde (PSN), do IBGE. Para disseminar mais informações a respeito desse mal crônico e estimular as pessoas a procurar tratamento, foi instituído o 26 de abril como Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial.

No Brasil, 70% dos hipertensos dependem da rede pública de saúde. Em Alagoas, uma das ações que vem contribuindo para que o Estado apresente uma incidência dois pontos percentuais abaixo da média nacional é o Programa Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em Saúde (PPSUS), uma parceria da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), com recursos das duas instituições e do Governo Federal.

A equipe de uma das pesquisas financiadas realizará, nesta terça (28), mais uma edição da Nutrifeira, na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em frente à tenda cultural, a partir das 13 horas. A ação do projeto de extensão “Feijão com Arroz: o dia a dia da alimentação saudável”, da Faculdade de Nutrição, será aberta à comunidade.

O foco desta edição é a hipertensão arterial e haverá venda de frutas, orientação nutricional e avaliação antropométrica, além de atividades físicas aeróbicas sob a coordenação de professores e alunos do curso de Educação Física.

Programa Pesquisa para o SUS

O PPSUS iniciou suas pesquisas em Alagoas em 2001 e a partir de 2003 foram financiados cinco projetos na área, cada um com duração de dois anos. Atualmente, dois ainda estão em execução. Um deles, coordenado pela farmacêutica e doutora em Nutrição Sabrina Felizardo Neves, ligada à Ufal, é voltado para a saúde familiar na cidade de Maceió e deve ser concluído até o final deste ano.

O outro trata do consumo e práticas alimentares dos hipertensos em Alagoas, pois esses são fatores de riscos passíveis de modificação. A líder da pesquisa, a nutricionista e doutora em Biotecnologia Sandra Mary Vasconcelos, trabalha com hipertensos por meio do Programa há pelo menos 12 anos, já tendo realizado três pesquisas voltadas a aspectos diversos da convivência dos pacientes com a doença, como alimentação, prevenção e estilo de vida. É dela a coordenação do projeto Feijão com Arroz.

Resultados

Em 2009, um desses estudos teve seus resultados incorporados às práticas da rede de saúde pública no Estado. Voltado para risco cardiovascular e fatores dietéticos de proteção e atividades de promoção à prática alimentar saudável em mulheres a partir dos 60 anos de idade, o estudo ofereceu subsídios importantes para a reestruturação da atenção à saúde de idosos e pessoas com hipertensão arterial e diabetes na Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, especialmente na área de Promoção da Saúde.

Focadas na atenção básica, as pesquisas do PPSUS costumam dar um cuidado especial aos aspectos preventivos. E para disseminar ainda mais essas descobertas e orientações, as pesquisas da nutricionista e seus alunos bolsistas da Fapeal já renderam dois livros de conteúdo lúdico, “…3,4 feijão com arroz no prato” (2011) e “…Pra Fazer Farofa-fá!” (2013). Os livros foram lançados pela Edufal e há mais um no prelo.

Além dos livros e resultados disponibilizados para os gestores das secretarias municipais e estadual da Saúde, as pesquisas do PPSUS também geram artigos científicos, dissertações de mestrado e trabalhos de conclusão de curso.

Em Alagoas

Apesar de termos menos hipertensos relativamente, ainda de acordo com o IBGE (2014), 13% dos alagoanos referem consumo elevado de sal, o índice mais alto entre os estados do Nordeste, cuja média é de 10%. Sandra Vasconcelos explica que o grande vilão desta história é mesmo o sal, mas a população ainda não tem orientação suficiente a respeito do principal fator responsável pela pressão alta: a alimentação.

É comum, por exemplo, o consumo do “sal oculto”, aquele sódio que é componente de outra substância, utilizada em produtos processados, como o ciclamato de sódio presente em alguns adoçantes, e muitas vezes a população nem desconfia.

A cultura alimentar é responsável ainda por outros comportamentos nocivos. “Muitos hipertensos estão abandonando as raízes por bolachas diet e light, com base em conceitos errados”, alerta a pesquisadora. “Inhame, macaxeira e batata doce são muito mais relevantes para a nutrição e fazem parte da nossa história”, conclui Sandra Vasconcelos.

Comments (1)

  1. Gostei muito do post. Parabéns

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