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Governo de Alagoas reitera compromisso com o empreendedorismo e a inovação

Em evento, gestores da Secti e da Fapeal também anunciaram o lançamento de novos editais de fomento à CT&I

Deriky Pereira

Rodrigo Rossiter, Fábio Guedes Gomes e Josealdo Tonholo em Webinar. Fotos: Secti

O Governo de Alagoas continua trabalhando para garantir e reforçar os investimentos nas áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I). Esse compromisso do Estado com os alagoanos foi destaque no Webinar realizado na manhã da sexta-feira (7) e transmitido ao vivo pelos canais do YouTube da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) e da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Na ocasião, gestores reforçaram que iniciativas como essa são importantes também para contribuir na superação da crise que o país enfrenta por conta da pandemia do novo coronavírus.

O secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, Rodrigo Rossiter, destacou que a pasta vem trabalhando a transversalidade entre os setores e conversando bastante com as Universidades, Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e Fundações de Amparo (FAPs). Ele exaltou a enorme quantidade de ideias inscritas no Programa Centelha e adiantou que a pasta está batalhando para trazer mais editais de fomento à inovação e pesquisa para Alagoas.

“A gente vem trazendo ações para o setor público, transformações digitais para o próprio governo de forma árdua e diariamente. Além do Centelha tão falado e de tanto sucesso, Alagoas sendo o segundo estado com ideias submetidas. Imagine o quanto de demanda reprimida a gente não tem aqui? De ideias inovadoras querendo fazer a diferença e que a gente não estava conseguindo dar atenção? Então, a Secretaria, junto da Ufal e da Fapeal, com o MCTI, está batalhando exatamente isso, de tirar do papel esses empreendedores, disse Rossiter.

O diretor-presidente da Fapeal, professor Fábio Guedes, usou de sua fala para expressar a gratidão a todos os envolvidos no sucesso do Centelha e do edital de Economia Criativa – este em parceria com o Sebrae enas demais iniciativas de fomento à CT&I. Ele também ressaltou o apoio do governador Renan Filho ao frisar que, desde o início de sua gestão na Fundação, em 2015, recebeu dele autonomia para desempenhar o trabalho em prol da comunidade científica em Alagoas.

“Desde o primeiro momento, o governador Renan Filho nos deu apoio, autonomia e isso se estendeu à Secti. Nesses últimos seis anos, vamos chegando em torno de R$ 75 milhões investidos em Ciência, Tecnologia e Inovação no estado e vamos completar esse ciclo, nos próximos dois anos, com mais R$ 30 milhões. Ou seja, vamos completar esse ciclo com, em torno de, R$ 100 milhões em investimentos focalizados para melhorar e conceber programas de pós-graduação e qualificação das nossas universidades estaduais e melhorar o ambiente de produção tecnológica e inovação no estado”, comemorou.

Importância do Programa Centelha no avanço do empreendedorismo e inovação em AL

Professor Fábio Guedes Gomes

Guedes, que também é presidente do Conselho das Fundações de Amparo à Pesquisa (Confap), seguiu destacando a importância do Sebrae na ponte firmada com a Fundação Certi para a execução do Centelha.

“O Sebrae nos permitiu estar mais próximo da Fundação para que pudéssemos executar o Centelha aqui. Agradeço ainda a todas as instituições de ensino superior de Alagoas representadas aqui por [Josealdo] Tonholo. Tivemos e temos uma parceria muito exitosa com a Ufal e não poderia deixar de termos essa parceria e apoio do Ifal [Instituto Federal de Alagoas], da Uneal [Universidade Estadual de Alagoas], da Uncisal [Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas], do [Centro Universitário] Cesmac e também a Unit [Universidade Tiradentes], além de diretores e pró-reitores de faculdades. O sistema de Universidades e instituições de ensino superior em Alagoas foi fundamental para que o nosso Centelha tivesse o sucesso que teve, visto que receberam nossas equipes e apoiaram a execução e promoção desse programa no ambiente estadual. Esse momento é de comemoração, agradecimento e gratidão. Que tenhamos uma bela festa de contratação dessas 30 empresas novas e dos 15 projetos de Economia Criativa“, agradeceu Fábio Guedes, parabenizando, em seguida, a toda equipe da Fapeal.

Ainda no Webinar, o reitor da Ufal, Josealdo Tonholo apontou que neste momento delicado, por conta da pandemia do novo coronavírus, é importante falar de inovação e criatividade. “Inovação não se faz com inventor maluco, se faz com pessoa jurídica, dentro de ambientes e sistemas de inovação. Quando aqui em Alagoas e fiz meu doutorado como primeiro doutor patrocinado pela Fapeal, era um sistema de inovação por CPFs e hoje com o Programa Centelha, a gente vê um sistema que começa a transformar o estado de Alagoas com toda sobriedade que um sistema de inovação deve ter. Se a gente prega que inovação é uma questão de pessoa jurídica, de sistema de inovação, a Universidade tem que sair do papel de apoiadora e doutrinadora e começar a praticar o empreendedorismo e inovação dentro de seus laboratórios de pesquisa, além das salas de aula. É a transformação pela educação, pela inovação. Não vamos abrir mão disso”, salientou.

O presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), General Waldemar Barroso, reiterou a fala de Tonholo e comemorou o sucesso do Programa Centelha em Alagoas. “Quero cumprimentar a iniciativa de Alagoas, foram mais de mil ideias, Alagoas assumiu uma liderança e demonstra que todo o movimento tem dado resultado. Quero dizer ainda que a Finep vai prosseguir trabalhando com outras iniciativas voltadas ao empreendedorismo e base tecnológica”, salientou Barroso.

Já a diretora de Cooperação Institucional do CNPq, Zaira Turchi, saudou as Universidades que vem desenvolvendo e destacou o caráter emblemático da força e da articulação do sistema nacional de CT&I por meio deste Webinar. Ela também parabenizou o empenho da Finep no apoio à infraestrutura das Universidades brasileiras.

“É uma satisfação ter esse programa exitoso que articula o sistema e está respondendo às demandas e potencialidades de cada região do país – um país que só se desenvolve se todas as regiões puderem se desenvolver a partir de suas características locais e regionais. A Finep tem atuado fortemente ao longo desses anos no apoio à infraestrutura nas Universidades, centros de pesquisa e daí a importância dos programas já consolidados como o Tecnova, o Centelha que tem nos mostrado que é um caminho acertado, exitoso. As Universidades e os grupos de pesquisa, tendo fomento, podem responder aos desafios”, apontou.

Quem também destacou a importância do Centelha foi Daniela Souza, aprovada pelo projeto Pasta Americana sem Açúcar. Ela disse que o Programa fez com que trouxesse para a prática um projeto que, até então, ficaria apenas no papel. Apontou ainda a importância do Sebrae Alagoas na orientação de algumas decisões e parabenizou aos demais selecionados pelo edital.

“Acredito que, assim como eu, os demais aprovados sentem hoje a felicidade da conquista do processo seletivo. É muito gratificante saber que a sua ideia está entre as 30 ideias mais promissoras do estado dentre as mais de mil concorrentes. A experiência na empresa LeFit [criada para comercialização dos produtos] tem transformado minha compreensão do que é empreender. Nesse processo, é justo reconhecer a qualidade da atuação do Sebrae no direcionamento das minhas decisões até o momento. Sem dúvida, a oportunidade gerada pelo Centelha Alagoas resgatou um sonho que poderia ficar na gaveta, proporcionando tornar o protótipo desenvolvido num produto comercial.

Especialmente pra quem foi do meio acadêmico, é muito gratificante ter a oportunidade de disponibilizar à sociedade e ao estado um produto inovador. Participar do processo seletivo foi essencial pra equipe alinhar pontos importantes do projeto e perceber necessidades a serem desenvolvidas para o crescimento da startup”, disse ela, recebendo aplausos em seguida.

Reitor da Ufal, Josealdo Tonholo

Economia Criativa como elemento de transformação

Durante o evento, o reitor Josealdo Tonholo anunciou um novo curso de especialização para a Ufal na área de Economia Criativa. A formação, segundo ele, será realizada em parceria com o Sebrae Alagoas e com a Fapeal e surge como mais uma oportunidade de qualificação e também de fortalecimento da área no estado.

“A gente não trabalha a economia criativa se a gente não começa a sistematizá-la para ela ter a força necessária. E a Universidade Federal de Alagoas, a Fapeal e o Sebrae estão trabalhando e daqui a pouco, aguardem aí, o nosso curso de especialização em Economia Criativa da Ufal, Sebrae e Fapeal. Aguardem que vem coisa boa vindo pela frente. A Ufal tá trabalhando no dia a dia pra que a cultura gere dividendos para esse estado”, disse Tonholo.

O professor Fábio Guedes parabenizou a iniciativa e disse que essa nova formação surge para contribuir com a transformação em Alagoas. “E essa transformação vem pela criatividade, pelo desenvolvimento da ciência e pela inovação. Acho que essas são as bandeiras que a gente precisa levantar em paralelo à solução dos problemas ainda tradicionais do povo alagoano, que é o de ter uma educação e uma saúde de qualidade, mais saneamento, garantir mais segurança pública e, em paralelo a isso, a transformação do desenvolvimento econômico por essas áreas que são apontadas pelo século 21”, apontou.

Aumento do consumo de streamings aponta mudança de comportamento

O diretor-superintendente do Sebrae Alagoas, Marcos Vieira, revelou que o órgão está empenhado em recuperar perdas que o estado sofreu por conta da pandemia, especialmente no setor de Economia Criativa que, segundo ele, foi de 70%.

“Estamos vivendo momentos de dificuldade, numa crise provocada por uma pandemia que afetou a economia mundial e a nossa também teve muito impacto. E é com muita expectativa também que faremos esse trabalho para recuperar parte das grandes perdas que o setor da economia criativa, uma perda de 70% das empresas com exceção dos segmentos de games e streamings”, analisou.

O professor Elder Maia, diretor da Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal), traçou um panorama da Economia Criativa no país. Segundo ele, o consumo com gastos culturais é o quarto maior, superado apenas pelo transporte, alimentação e moradia.

“O consumo das famílias aumentou especialmente no que tange às plataformas de streaming. E o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] incorporou ao consumo das famílias o gasto com telefonia. Não tinha a ver há 10, 15 anos atrás quando a gente usava o celular apenas para fazer ligações, mas hoje a gente utiliza para consumir notícias e sobretudo, plataformas de arte, cultura e entretenimento. A partir daí, produziram-se novos modelos de negócio, inovadores e empreendedores. Após a pandemia, essa migração só se acentuou e se consolidou e, com o cálculo dessa nova metodologia do IBGE, descobrimos no Observatório de Economia Criativa de Alagoas, que as famílias gastam 7,5% do seu orçamento com cultura. Isso representa 280 reais mensalmente”, analisou Maia.

Já o diretor técnico do Sebrae Alagoas, Vinícius Lages, analisou a transformação do mundo do ponto de vista econômico ao falar sobre o deslocamento do valor do PIB gerado de riquezas da era material para a propriedade intelectual. “O tangível passou a ser mera plataforma em que você agrega valor simbólico. Sem dúvida um dos avanços mais importantes têm a ver com a transformação digital a partir de 2007 com a digitalização acelerada e a transformação de coisas em virtualidade e com a economia digital habilitando a Economia Criativa a crescer ainda mais. É impressionante o que o mercado avalia desses novos empreendimentos. O Tik Tok, por exemplo, que era uma mera brincadeira de vídeos, está pra ser vendido por 30 bilhões de dólares”, refletiu.

Ainda no aumento do uso de streamings, o reitor Josealdo Tonholo pontuou sobre o consumo dos segmentos de arte e cultura neste período da pandemia, que surgiram como um alento para as pessoas. “Se não fossem a arte e a cultura talvez a nossa saúde mental não nos permitisse suportar esse momento difícil. Consumimos muita arte e cultura como forma de atenuar nossos dramas nos últimos dias, mas por outra via, a digital”, disse ele, fazendo, em seguida, um comparativo entre as regiões com base na fala de Elder Maia.

“Temos o exemplo de uma família media de São Paulo que gasta de 300 a 340 reais por mês em internet, televisão, streaming, enfim. Quando a gente vem pra Maceió esse número fica em 110 [reais] e no interior do estado esse número é menor que R$ 70. Esses dados são importantes porque mostram a desigualdade do país do ponto de vista do consumo de informação. E se denotam as desigualdades quanto ao consumo da informação imagine de produtos básicos, alimentação, combustível e por aí afora. Trago essa preocupação com relação ao alagoano que tá no interior do estado, ele tem uma capacidade criativa inferior ao paulistano? Será que a gente tem um gene que seja menos desfavorável à criação? Eu creio que não”, refletiu Tonholo.

Secti e Fapeal anunciam novos editais de fomento à CTI em Alagoas

Secretário Rodrigo Rossiter

O líder da Secti, Rodrigo Rossiter, adiantou o lançamento de um novo programa de subvenção para incubadoras. Segundo ele, o projeto será realizado em parceria com a Fapeal.

“A gente vai lançar em novembro o edital SEED Alagoas. Trouxemos um modelo que Minas Gerais utilizou e que foi um sucesso, não só no Brasil (…) Claro que modelado para a nossa realidade, cultura e tipo de empresa. Esse edital vai contar, primeiro, com recurso financeiro para startups investirem no seu negócio e, segundo, como é um programa de pré-aceleração, facilita o crescimento. A gente trabalha com mentoria, capacitação, preparar empresa para mercado de trabalho, escala. O programa é uma parceria junto com o MCTI, com a Fapeal e a gente agradece ao governador Renan Filho por ter acreditado no projeto.”

Rodrigo disse ainda que este primeiro projeto já lança novos frutos. “Já estamos trabalhando em novo edital em parceria com a Ufal, com a Fiea [Federação das Indústrias do Estado de Alagoas] e com a Fapeal para trabalhar a inovação nas indústrias e empresas. Vai ser um edital pra trabalhar essa transformação digital dentro desse ambiente e, assim, contribuir com a evolução em nosso estado”, adiantou ele.

Já o diretor-presidente da Fapeal, professor Fábio Guedes, garantiu as novas edições dos programas Centelha e Tecnova – o primeiro tem lançamento de edital previsto para o início de setembro. Disse ainda que a intenção do governo federal é fazer com que o Programa Centelha chegue a todos os estados brasileiros.

“O Confap já garantiu a aderência de 21 fundações estaduais. Nossa meta é chegar as 24 e ali onde as fundações não têm condições de fazer adesão à chamada, temos a parceria do Sebrae. Muitos empreendedores que ficaram de fora da primeira edição, com projetos muito bons, terão a chance de ingressarem na versão 2. Alagoas está firme com suas instituições, com as Universidades, aderindo ao programa. Outra novidade é o Tecnova 2, programa de fomento e subvenção econômica para inovação tecnológica em empresas já constituídas. O primeiro teve bastante sucesso em Alagoas, tivemos em torno de 13 empresas contempladas e temos a certeza que, com a segunda edição, temos amplas possibilidades de ampliarmos este número. Nossa meta é bastante ambiciosa, para que as empresas cresçam, se desenvolvam e que, no futuro, possam se inserir no Tecnova e ter uma robustez ainda maior na capacidade de inovar tecnologicamente”, salientou o professor.