Um novo porto para empreendedores locais, o estado concedeu investimentos de meio milhão à Economia Criativa
Tárcila Cabral
O edital Economia Criativa foi uma das apostas do Governo de Alagoas através da sua Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapeal) para alavancar o setor, com um investimento de mais meio milhão. Este programa tem por objetivo financiar bens e serviços criativos na região, e têm revelado talentos empreendedores, como Gustavo Boroni, o contemplado na chamada com a sua empresa Estampa POP.
O empreendedor explica que a empresa surgiu a partir da necessidade de potencializar as belezas de Alagoas através das imagens. Ele conta que já tinha uma marca que levava o seu nome, e fez um rebrand, transformando-a em uma startup quando começou a realizar algumas vendas para fora de Maceió.
Neste contexto, o publicitário e relações públicas, que já mantinha uma relação antiga com o principal financiador do edital, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/AL), se inseriu num projeto intitulado Redes Criativas, inaugurado em 2017 pela organização no estado. E foi dentro deste segmento que ele deu o pontapé inicial para fomentar essa mudança na empresa e criação do coletivo:
“Eu pensei: Seria tão bacana que outros designers, aquarelistas, fotógrafos, chargistas tivessem a possibilidade de transformar uma ideia em negócio, então assim eu fiz. Eu criei um gibi, na época eu tinha umas fotos e nós criamos todo o pensamento, mas faltava o principal para o microempreendedor que era a verba”, citou o gestor.
Logo foi através deste pensamento que o empreendedor teve acesso a chamada de Economia Criativa, viabilizada pela Fapeal e o Sebra/AL e submeteu sua proposta. “Quando surgiu o edital eu fiquei empolgado, fiquei muito feliz pela oportunidade e naquele programa eu vi possibilidades de realmente tirar as ideias do papel”, citou ele. A iniciativa de Boroni ficou em segundo lugar na categoria de design e em terceiro na classificação geral.
A premissa primordial era a de valorizar o artista independe e, depois, fomentar a cadeia do ecossistema criativo, porque o seu pensamento era abrir portas para divulgar o máximo de artistas locais os amparando em suas dificuldades.
Para muitos profissionais da área o gerenciamento da sua própria empresa pode se tornar uma grande adversidade que, somada à burocracia, os impede de crescer. Portanto o coletivo vem atuar num complexo de gestão de imagem, comercialização, divulgação e valorização dos produtos. O criador explica que o trabalho envolve um processo sério de pesquisa e análise, além da produção de sites, da prestação de serviços de marketing e comunicação.
“Nós estamos em Alagoas um local maravilhoso, mas por vezes o Nordeste ainda não é bem visto em outras praças, em outros mercados, então eu criei a ‘Estampa POP’ para ser um estúdio de solução criativa para tudo que o Gustavo Boroni já fazia. É como se eu colocasse uma lente de aumento, porque a Estampa POP é um estúdio de fotografia, é um estúdio de design, é um pré-serviço de marketing”, frisa o especialista em marketing estratégico.
Ele ressalta que o coletivo disponibiliza igualmente um market place que de fato valoriza o artista como ele deve ser reconhecido neste processo, pois é através do site que é oferecida a tecnologia inclusiva, ou seja, que propicia ao cliente ter um .com que ele vai personalizar, criar a sua biografia, customizar o seu banner. As tecnologias vão atuar na geração de produtos pelo próprio site, no qual o profissional vai enviar sua estampa e será produzida uma gamificação em tempo real de como esta impressão ficará num determinado item comercializado.
Estilo de produção
Vestindo uma camisa do artista Munganga, Boroni cita que é muito importante quando se fomenta a cadeia, mas principalmente quando se gera um público. Por isso ele costuma sempre se empenhar na valorização dos profissionais e de suas peças, divulgando a identificação das redes sociais dos criadores em cada item.
“Ele (Munganga) é um artista que faz uns desenhos incríveis e tem um trabalho autoral maravilhoso, mas não conseguia visualizar que a sua imagem poderia se transformar num artigo de design. Então o artista cadastrou a sua estampa, ele fez a curadoria, e para a minha felicidade ele cadastrou a sua peça pela manhã e vendeu a sua primeira peça a tarde”, citou o publicitário e relações públicas.
A plataforma recém-lançada ainda está ganhando corpo, mas já se destaca como um trabalho humanizado de uma empresa com DNA 100% alagoano, mas que se preocupa com objetivos de desenvolvimento sustentável e temáticas sociais de impacto. Todas as camisetas do coletivo são vendidas em modelos unissex e, na linha do consumo consciente, as embalagens das mercadorias são totalmente sustentáveis e zero plástico.
O apoio da Fapeal e do Sebrae
De acordo com o gestor, a área mais beneficiada com os recursos do edital foi a construção da plataforma, envolvendo boa parte dos recurso, com a construção de um site do zero e criação de um software. O âmbito tecnológico envolveu gamificação e possibilidades de personalização, por isso o subsídio do edital foi fundamental para dar suporte a este alto investimento. Por outro lado, os insumos também demandaram recursos, para que a empresa ofertasse os produtos com um estoque seguro de comercialização.
“Aquele artista que entrou na plataforma e subiu seu artigo de design, cada compra tem um comissionamento, e o artista em tempo real através do dashboard consegue verificar as vendas, o quanto que ele tem, e também aquela margem. E além desse controle ele vai ter o market place, que valoriza o artista, e cada compra valoriza uma paixão”, reforça Boroni.
Os produtos e serviços das empresas que contaram com o Edital de Economia Criativa estão acessíveis num catálogo online lançado pela Fapeal e Sebrae. As áreas são Artes Visuais; Audiovisual; Editorial; Música e Design;
O Sebrae foi o principal financiador do Edital de Economia Criativa.