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Própolis Vermelha: Um case de sucesso sobre a vocação alagoana para a inovação e o empreendedorismo

Fernão Velho lança mais um produto desenvolvido com apoio do Governo de Alagoas, através da Fapeal

Naísia Xavier

 

Própolis Vermelha de Alagoas em cápsulas

Um produto exclusivo, originário dos manguezais de Alagoas, que passa por processos de pesquisa científica e inovação tecnológica para chegar até o público. Este é um resumo do trabalho da Apícola Fernão Velho, que acaba de lançar mais um produto no mercado alagoano.

A FernãoTec são cápsulas de Própolis Vermelha de Alagoas, em pó, para serem consumidas como um suplemento de liberação controlada, garantindo ao corpo a absorção de seus bioativos de maneira lenta e gradual.

Desta forma, a empresa inovou para atender aos pedidos do público por um produto sem álcool, mais prático de consumir, mais fácil de transportar e sem o característico sabor forte.

Desde 2011, a trajetória de empreendedorismo da Apícola Fernão Velho têm sido marcada pela atitude de aproveitar oportunidades para inovação apoiadas pelo Governo de Alagoas, concorrendo aos editais lançados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado: “Mantemos esse foco o tempo todo, com uma preparação contínua. Nos preparamos para ter sorte”, explica o engenheiro agrônomo Mário Calheiros, sócio-presidente.

Com os recursos do PAPPE Inovação, em 2012, a empresa começou a desenvolver sua tecnologia e fazer o primeiro depósito de patentes. Hoje, já tem oito patentes em curso, em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Em 2014, no Tecnova 1, foram feitas análises para comprovar a composição química exclusiva da Própolis Vermelha de Alagoas, e a constância da concentração das substâncias, apesar da pequenas mudanças sazonais, ocasionadas pela vegetação disponível para alimentação das abelhas.

Em 2018, através do PPG Empresa, a empresa, em parceria com pesquisadores da área da saúde do Centro Universitário Cesmac, verificou a potencialidade da Própolis Vermelha de Alagoas para o tratamento de condições em pacientes com câncer de boca. Uma das saídas tecnológicas desenvolvidas ao longo desta pesquisa foi a retirada do álcool do produto. Há pelo menos uma solução sendo testada em seres humanos, no momento.

Em 2020, com o apoio do Tecnova 2, a empresa desenvolveu a tecnologia de Própolis Vermelha de Alagoas em nanoemcapsulados. As inovações possíveis a partir deste desenvolvimento estão sob análise, no programa de gestão de tecnologia da empresa, que desenvolveu uma metodologia para avaliar a viabilidade comercial de novos produtos. (A FernãoTec é um microemcapsulado; as nanocápsulas são mais um passo adiante).

A Própolis Vermelha de Alagoas é umas das 16 variedades identificadas até agora por todo mundo, e a única no planeta que dispõe de indicação geográfica, do tipo denominação de origem. A Fernão Velho envia para todo o país, através da loja on-line e encontra-se prospectando parceiros internacionais

O produto é comercializado como suplemento alimentar. Vários estudos científicos apontam capacidades cicatrizante, anti-inflamatória, antifúngica e antibacteriana devido a sua composição única de quatro isoflavonóides bioativos.

Dos mangues aos laboratórios

Diego dos Anjos, gerente comercial

“A inovação veio por necessidade da Fernão Velho, explica Marília Lima, a gerente comercial da empresa. “No mercado de Alagoas, tínhamos um concorrente forte e ficávamos brigando só por preço e por mercado. E porque não se diferenciar para sair dessa linha do comum?”, relembra a administradora.

“Já sabíamos que iríamos precisar dessa parceria com centros de pesquisa e universidades, completa Mário Calheiros. Para ele, o grande diferencial da Fernão Velho foi unir o volume de conhecimento disponível nas universidades e a necessidade do público, “e a Fapeal foi o elo imprescindível disso”, comenta.

Os programas da Fundação permitiram à empresa submeter o produto a projetos científicos da área de Química e Biotecnologia, Fermácia, Nutrição, Física, Química, Medicina e Odontologia, explorando o vasto potencial da substância, com vistas a pensar novas soluções para diferentes mercados.

A Fernão Velho exemplifica a importância de aliar ciência e tecnologia à inovação e empreendedorismo. Nessa trajetória, o apoio do Governo de Alagoas também se deu através de recursos da Desenvolve – Agência de Fomento de Alagoas.

A empresa trabalha a dimensão sustentável da apicultura com pequenos produtores de mel de 22 municípios alagoanos, de Piaçabuçu à Maragogi. Na outra ponta da cadeia, está a parceria com os cientistas.

Os editais de inovação da Fapeal são fruto de parceria com o Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação, através da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). As iniciativas de apoio à inovação da Fapeal, que beneficiaram a Fernão Velho, também contam com o apoio do Sebrae Alagoas.

Letícia Brito, Mário Calheiros, Diego dos Anjos e Marília Lima.