Pesquisas em estrelas, observações noturnas e ciclo de profissões estão entre as atividades propostas
Tárcila Cabral
Transformar experiências de aprendizagem para desenvolver a ciência, este tem sido o mote dos projetos desenvolvidos no Programa Professor Mentor, iniciativa da Secretaria de Estado da Educação (Seduc/AL) e da Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas (Fapeal). O programa executa projetos na educação básica para inserir e estimular boas práticas.
Nesta perspectiva, Jenivaldo Lisboa é um exemplo dos muitos docentes em todo o estado que estão empenhados nos objetivos do edital em que foram selecionado como professores mentores. Em Cacimbinhas, no agreste de Alagoas, ele tem elaborado atividades ligadas à astronomia, autogestão e competências socioemocionais.
De acordo com o pesquisador, a ideia por iniciar este trabalho surgiu com a implementação do programa, o Professor Mentor tornou-se uma oportunidade para incentivar mais estudantes a participarem de ações de iniciação científica. Desta forma, ele se inscreveu no edital a fim de ampliar o alcance das atividades de pesquisa que já desenvolvia na escola em que trabalhava.
O projeto conduzido pelo químico consiste no acompanhamento e mentoria dos estudantes da Escola Estadual Muniz Falcão, no sentido de seus projetos de vida. Mas permite observar, igualmente, quais são as aspirações dos estudantes, conduzindo o olhar além de suas dificuldades de aprendizagem, traçando estratégias para auxiliá-los nas caminhadas profissional e pessoal.
Por outro lado, o Professor Mentor também incentiva o desenvolvimento de clubes juvenis, e Jenivaldo Lisboa desenvolve um especificamente dedicado à astronomia, que foi fundado em 2015, como parte do Projeto “O Clube de Astronomia da Minha Escola” (PCAME) do Observatório Astronômico Genival Leite Lima (OAGLL).
“Dentre as atividades que estão incluídas no projeto, hoje, está o desenvolvimento de pesquisas em estrelas variáveis com estudantes da educação básica, além da realização de observações noturnas em comunidades onde moram os estudantes, as quais serão desenvolvidas após o período chuvoso devido ao volume de nuvens que dificulta a observação dos astros neste momento”, cita o pesquisador.
Atividades desenvolvidas no projeto
Dentro do cronograma da pesquisa, o mentor pôde iniciar o “Ciclo de Profissões”, no qual foram convidados ex-alunos que já vem atuando em algumas áreas como a Química, a Educação Física e a Enfermagem. O intuito é de possibilitar uma orientação profissional com os estudantes, além de algumas ações voltadas às competências socioemocionais, como a apresentação de recursos tecnológicos que os auxiliem na prática da autogestão e realização de momentos reflexivos sobre a importância da amabilidade no desenvolvimento social.
Quanto ao clube juvenil, já foram promovidas a realização de algumas palestras sobre temas ligados à astronomia, observação do céu noturno com uso de telescópios e dado início ao processo de formação do grupo de pesquisa em estrelas variáveis. Este último contou com uma oficina promovida pelo professor Adriano Aubert do Observatório Astronômico Genival Leite Lima (OAGLL), ligado ao Cepa.
“No momento temos um total de quatro estudantes que já deram início ao processo de formação para a iniciação científica em astronomia, com a previsão de ingresso de mais alunos neste projeto. Está sendo observado um grande entusiasmo por parte dos alunos, que se sentiram bastante instigados a contribuir com a pesquisa de estrelas variáveis a nível mundial por meio das contribuições com a AAVSO”, citou o mestre em química, mencionando a Associação Americana de Observadores de Estrelas Variáveis.
Apoio da Fapeal e expectativas futuras
Lisboa explica que o projeto visa contribuir com o processo de aprendizagem dos estudantes, mas também propiciar suas iniciações científicas.
Ao mesmo tempo, o estudioso espera o fortalecimento dos clubes juvenis da escola, permitindo um melhor engajamento dos alunos com as atividades escolares.
Ele reforça ainda que estas elaborações não seriam possíveis sem o apoio da Fapeal e da Seduc/AL, que têm sido as responsáveis por manter viva e operante a ciência dentro das escolas:
“Através da bolsa do programa Professor Mentor me sinto mais estimulado a promover as ações dentro do ambiente escolar. Além de possibilitar um melhor contato com a turma através do componente de Projeto de Vida, possibilita-se igualmente um melhor conhecimento das necessidades dos estudantes”, frisou o químico.
Diante disso, o pesquisador também planeja a criação de outro clube juvenil destinado ao desenvolvimento de atividades de iniciação científica ligadas às Ciências da Natureza. Em um contexto mais amplo, com o desenvolvimento de pesquisas nas áreas de Química e Biologia, estimulando a participação dos estudantes em feiras de ciências internas e externas.