Reprodução, editada. Publicado originalmente em https://www.cadaminuto.com.br/noticia/2023/01/17/a-ciencia-sob-novos-ares
No dia 17 de janeiro a Ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, anunciou o novo Presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.
O CNPq foi criado há sete décadas com o simples nome de Conselho Nacional de Pesquisas, com o objetivo de reunir um grupo de especialistas e estudiosos que pudesse auxiliar o governo brasileiro sobre os grandes passos e desafios dados pela ciência mundial com a descoberta, uso e consequências da energia nuclear. Coube ao Almirante Álvaro Alberto, então representante brasileiro na Comissão de Energia Atômica do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), cumprir a missão de criar e dirigir o Conselho em seus primeiros anos, atendendo ao pedido do então presidente Eurico Gaspar Dutra.
A Ministra dará posse ao cientista Ricardo Galvão, que enfrentou o negacionismo oficial e a fúria anticientífica do governo anterior. Em 2019 foi demitido do cargo de Diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE quando exercia legalmente um mandato. Agora, no novo governo, reconhecidamente, assumirá a presidência da maior agência de fomento à ciência da América Latina. Um belo gesto de desagravo ao que a ciência brasileira sofreu naquele momento, simbolizado pela demissão de Galvão
O CNPq conseguiu resistir porque é uma instituição quase centenária, que goza do respeito e credibilidade das sociedades científicas brasileira e internacional. A sua missão está entranhada na comunidade acadêmica do país. A possibilidade de sua extinção representaria uma ameaça de completo desmantelamento da forma de organização do fomento à ciência no país.
Também contribuiu para que o CNPq resistisse o empenho e dedicação dos seus servidores e lideranças no comando. Aqui destaco o papel do respeitado cientista, Prof. Evaldo Vilela, ex-reitor da Universidade Federal de Viçosa – UFV, ex-Secretário Adjunto de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, ex-Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – Fapemig e ex-Presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa – Confap. O amigo Evaldo presidiu o CNPq de abril de 2020 a dezembro de 2022, um dos períodos mais difíceis da história da agência federal.
Fui vice-presidente do Confap na gestão de Evaldo, lhe sucedendo logo quando foi chamado para assumir o CNPq. Sua gestão na agência não foi fácil, pois teve que lidar com o Ministério da Economia, que na gestão Paulo Guedes nunca enxergou a ciência brasileira como um ativo estratégico, seguindo a linha do Chefe do Executivo.
Mas, ele soube driblar os desafios, cabecear as dificuldades e dar um passe de bandeja para que o novo Presidente do CNPq, o eminente Ricardo Galvão, dê continuidade à vários programas e ações que foram construídos.
Com a Ministra Luciana Santos e com o cientista Ricardo Galvão à frente do CNPq, a ciência brasileira certamente sairá do estado de inanição que sobrevivia e voltará a ter o destaque que merece à altura dos grandes desafios que o Brasil enfrenta em sua trajetória de desenvolvimento no século XXI. É o que a comunidade científica e acadêmica aguarda ansiosamente e com grande expectativa.