A RainTASC levou o prêmio na VII Febic com tecnologia que auxilia cadeirantes a se locomoverem em dias chuvosos de forma sustentável
Unir ciência e empreendedorismo desde o nível médio é possível e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) provou que sim. Um projeto apoiado pela Fapeal, por meio do Programa de Iniciação Científica Júnior (Pibic Jr), criou um protótipo sustentável para auxiliar a locomoção de cadeirantes em dias de chuva. Os alunos da Escola Sesi Senai Benedito Bentes não só desenvolveram o estudo, como também foram premiados com o 1º lugar na VII Feira Brasileira de Iniciação Científica (Febic), em Santa Catarina.
Garantindo o topo do pódio do evento na categoria ‘Engenharias e suas Aplicações’, os estudantes Fernanda Vittórya, Arthur de Oliveira, Vinícius Santana, Wenderson de Sales, Wesley da Silva e Matheus Rodrigues foram liderados pela professora da rede Sesi, Ana Maria Aquino. O projeto intitulado “RainTASC: Tecnologia assistiva sustentável para facilitar a locomoção de cadeirantes na chuva”, foi desenvolvido na edição do Pibic 2022 e contou com cinco bolsas da Fapeal.
Como tudo começou
A ideia surgiu durante uma aula de ciências da natureza que aplica metodologias ativas para motivar os alunos a identificar e analisar problemáticas sociais e levantar possíveis soluções. Foi nesse cenário que a estudante Fernanda Vittórya atentou para uma questão de acessibilidade pouco debatida nacionalmente: a locomoção de cadeirantes em dias de chuva.
Após este episódio, a educanda apresentou o tópico de forma mais consistente, o que motivou a professora Ana Maria Aquino a sugerir a formação de uma equipe de estudos para discutir os possíveis caminhos a fim de sanar o problema. Posteriormente, Aquino frisa que o grupo definiu uma pergunta problema, um tema, realizou pesquisas e também levantamentos de hipóteses, e a partir dessas etapas originou-se a elaboração de um plano de estudos, submetido e aprovado no edital Pibic Jr.
Desde então, o projeto está passando pela revisão bibliográfica, pesquisa de campo, experimentos, coleta de dados, teste de hipóteses, análises e discussões com profissionais de diferentes áreas do conhecimento. O propósito é identificar falhas e melhorias com o intuito de se obter soluções funcionais e eficientes. A equipe quer favorecer a locomoção por meio de uma tecnologia assistiva, produzida com uma infraestrutura robusta, sustentável e com a presença de técnicas inovadoras.
Com a evolução do projeto, o grupo já conseguiu visualizar alguns resultados expressivos, englobando a qualidade da investigação e dos materiais confeccionados por eles.
“Até o presente momento temos, especificamente, a produção de uma lona impermeável oriunda da reciclagem; a concepção de um modelo inicial do que se espera para a capa de chuva adaptada, a elaboração de protótipos representativos, sendo um deles construído em tamanho real e com os materiais pretendidos; uma representação em modelagem computacional tridimensional da tecnologia idealizada, além das produções escritas para as feiras científicas”, abordou Ana Maria Aquino.
Com o seu desenrolar, o projeto alcançou parâmetros exitosos frente ao primeiro semestre de duração, com destaque para o 1° lugar na Feira Estadual e Nacional, na categoria Engenharia e suas Aplicações, além do recebimento de credenciais para a Feira Internacional que será realizada no Panamá.
Para a orientadora do estudo, essas conquistas se devem ao fato da RainTASC apresentar evidências da aplicação de métodos científicos e de engenharia, uma relação entre os objetivos propostos e a estrutura empregada, mas igualmente por ser um tema de relevância social e solução inovadora de acordo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
“Eu estava confiante porque tínhamos inovação, nós abordamos um problema que não havia sido discutido em feiras científicas nacionais, e, além disso, desenvolvemos uma ideia e depois, um protótipo, de maneira inédita atendendo aos objetivos de desenvolvimento sustentável. A consciência disso me deu confiança ao participar da feira”, explicou Fernanda Vittórya.
Já a professora Ana Maria Aquino, não escondeu seu orgulho em ter alcançado o 1º lugar na Febic, uma experiência inédita enquanto orientadora. Citando Jean Piaget, ela compreendeu que esse resultado é o esforço dela e dos seis alunos, que foram apoiados por instituições durante todo o processo, incentivando o poder transformador da educação, por meio da ciência.
“O principal objetivo da educação é criar pessoas capazes de fazer coisas novas e não simplesmente repetir o que outras gerações fizeram”, disse a professora.
Compartilhando do mesmo entendimento os alunos também repercutem esse êxito pela pesquisa: “Receber o prêmio trouxe um sentimento de dever cumprido, pois foram muitos os esforços empregados até aquele momento e adquirir o título e o primeiro lugar dentre tantos outros projetos incríveis, tornou evidente que todo o trabalho realizado até ali tinha valido a pena”, citou o aluno Vinícius Santana.
“Nós sentíamos uma adrenalina enorme e, quando fomos chamados ao palco, a felicidade foi extrema. Mas também tivemos um sentimento de gratidão, porque investimos muitas semanas de trabalho, sempre nos esforçando para trazer o melhor ao projeto”, completou o estudioso Arthur Oliveira.
Perspectivas futuras
Ao concluir o estudo o saldo que ficou, na visão da orientadora, foi poder participar de um projeto que permitiu ir além dos conhecimentos técnicos e empatizar, contribuindo assim “para uma sociedade mais justa e igualitária, na qual educação, ciência e inovação são essenciais”.
Segundo o aluno e bolsista Vinícius Santana o que transparece é o protagonismo dos membros envolvidos na pesquisa, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento de novas habilidades e competências. Além disso, a participação no projeto promoveu entre o grupo a experiência do trabalho em equipe, o relacionamento interpessoal, a gestão de tarefas e de tempo, comunicação, pensamento criativo e resolução de problemas.
Para o futuro, as expectativas do grupo quanto à proposta, é que a RainTASC possa ser levada para além do ambiente escolar, com a possibilidade de ser disseminada e aperfeiçoada. O caminho, de acordo com os estudiosos, é buscar se inserir no meio de programas de startups e de apoio a projetos, de modo que as ideias estruturadas ascendam a realidade e possam auxiliar efetivamente na vida e no cotidiano de cadeirantes em diferentes contextos.