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Pesquisadora defende primeira tese no doutorado em Engenharia Química com apoio do governo

Recursos da Fapeal foram utilizados em laboratório que permitiu estudo sobre materiais capazes de absorver substâncias poluentes

Tárcila Cabral
Pollyana Lins, na defesa de tese

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas têm direcionado os seus esforços para os Programas de Pós-Graduação (PPG) locais. Nos últimos anos, apesar dos cortes federais, a Fapeal manteve bolsas e auxílios à pesquisa, o que permitiu que a atividade dos pesquisadores pudesse ser preservada.

Esse é o caso da acadêmica Pollyana Lins que, com os incentivos concedidos ao seu laboratório, se tornou a primeira pesquisadora a garantir o título de doutorado em Engenharia Química no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que a habilitou ao doutorado em 2019.

A tese da acadêmica, além de um marco na formação do PPG, também é significativa porque é uma intervenção nos contaminantes presentes nos sistemas hídricos urbanos.

A pesquisadora se propôs a estudar argilas artificiais que podem capturar poluentes de algum meio. O estudo, intitulado “Avaliação da influência dos parâmetros de síntese de hidróxidos duplo lamelares ZnAl para aplicação como adsorventes em tratamento de água”, volta-se a um tema amplamente estudado, mas que ainda não possui valores exatos para os parâmetros que esses estudos estão explorando.

A partir disso, surgiu seu interesse em desenvolver uma investigação que englobasse mais que um apanhado desse material. Dentro do Laboratório de Processos (LAPRO), Lins se propôs a avaliar alguns indicadores de síntese visando produzir um bom adsorvente, utilizando o mínimo de recursos. Adsorventes são sólidos porosos capazes de absorverem fluídos através de sua superfície, armazenando-os em seu interior.

Os processos de adsorção são largamente utilizados para remoção de cor, odores ou gosto no tratamento e purificação de águas, óleos, produtos farmacêuticos e efluentes de materiais.

“A minha tese visa produzir materiais que são capazes de remover poluentes de soluções aquosas. Esses materiais são os Hidróxidos Duplos Lamelares (HDL’s), também conhecidos como argilas aniônicas, ou seja, algumas argilas sintetizadas em laboratório”, explica a pesquisadora. “No caso do meu trabalho, o poluente usado foi o corante Verde Malaquita, muito utilizado nas indústrias de tinta. Vale ressaltar que os materiais produzidos possuem a capacidade de remover outros tipos de poluentes de líquidos, como resíduos de fármacos, dentre outros”, acrescentou.

O estudo tem o potencial para apresentar uma solução para limpar o que o cidadão comum, inadvertidamente, deixa escapar por suas pias ou descargas para os esgotos urbanos, que podem contaminar outras águas. “Materiais desse tipo podem ser utilizados para remover vários poluentes, que de modo geral não são removidos pelas estações comuns de tratamento de água. Dessa maneira, pode-se retirar da água materiais maléficos a saúde”, destacou a doutora, demonstrando o potencial de aplicabilidade local do estudo em políticas públicas.

Na pesquisa, Pollyana Lins buscou identificar parâmetros de síntese – temperatura, tempo e pH – onde fosse possível obter materiais com boas características para serem utilizados como agentes adsorventes no tratamento de alguns dos poluentes encontrados na natureza.

Apoios e prospecções futuras

Neste momento, a pesquisadora reflete a completude do seu trabalho junto aos apoios fornecidos pela Fapeal para estruturar e manter o laboratório, mas também lança um olhar para o futuro. Ela afirma que os investimentos da Fapeal foram relevantes para estruturar e manter o LAPRO, onde foi realizada a parte experimental não só de sua tese, mas também de outros trabalhos que são desenvolvidos no mesmo ambiente. “Os recursos contribuíram na obtenção dos reagentes necessários, bem como, na manutenção e compra de equipamentos utilizados na pesquisa”, esclarece.

Quanto às suas expectativas para o futuro da pesquisa e campo de estudo, Pollyana Lins destaca que o intuito é continuar com o trabalho e aperfeiçoar o que já vem sendo feito. Em relação aos aspectos profissionais, ela tem boas perspectivas quanto à oportunidade de obter auxílio científico, ser for aprovada em um pós-doutorado na Ufal. A recém-doutora almeja continuar com a sua formação acadêmica e poder atuar nesse amplo ecossistema de Ciência, Tecnologia e Inovação.