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Startup apoiada pelo Governo de Alagoas vence mais de 600 empresas em competição do BNDES

Fruto do Empreendedorismo feminino, empresa Nosso Mangue é solução de turismo sustentável

Tárcila Cabral – Texto

Investir no que transforma, este tem sido o mote dos editais de inovação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). O êxito desse trabalho se revela quando as startups apoiadas galgam novas conquistas pelo Brasil. Este é o caso da “Nosso Mangue”, empresa apoiada pela Fapeal que alcançou, neste mês, o primeiro lugar no Prêmio BNDES Garagem, que tem o objetivo de fomentar negócios de impacto no Brasil, com foco em resoluções sociais ou ambientais.

Acervo pessoal Mayris Carvalho

A CEO da Nosso Mangue, Mayris Carvalho, menciona que descobriu a oportunidade no último dia de inscrição. Ela agilizou a submissão e gravou a apresentação em pitch. Após esse trâmite se seguiram algumas etapas até a startup chegar a fase final do programa. No primeiro ciclo foram registradas mais de 600 empresas de todo o Brasil; com a análise, 50 delas passaram para a fase de entrevistas. Num terceiro momento as proponentes contaram com capacitações e aguardaram a lista das 20 que estariam na próxima etapa, e a Nosso Mangue estava entre elas.

As selecionadas foram aceleradas pelo programa por um período de três meses, incluindo-se uma semana de atividades presenciais na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no Rio de Janeiro:

“A gente falou com uma certificadora de créditos de Carbono, com especialistas em recuperação de outro ecossistema, da Amazônia e da Caatinga, então eles criaram essas conexões com outras empresas, para ver qual era o nosso gargalo e como a gente poderia resolver, conversando com outros profissionais”, explicou a fundadora.

Depois dos três meses de aceleração ocorreu a primeira pré-banca em novembro de 2022, que serviu para testar os pitchs das empresas com outras grandes organizações de todo o Brasil.

Corporações como O Boticário, Natura, Bradesco, entre outras gigantes do mercado, foram as responsáveis por analisar as exposições e dar seus feedbacks. Passada essa dinâmica, em dezembro foi realizada a banca final que escolheu as cinco startups que seriam finalistas do programa. Nessa performance, a empreendedora despertou lágrimas narrando a trajetória da Nosso Mangue.

A cerimônia de premiação ocorreu no dia 8 de fevereiro. Mayris Carvalho garantiu não somente um prêmio, mas trouxe o 1º lugar para Alagoas. Com a conquista, a startup garantiu 20 mil reais e o acompanhamento do BNDES durante a estruturação do negócio, fora as conexões que estão surgindo com outros empreendedores e inovadores do mercado Brasil afora. Nesse contexto, o planejamento futuro para a empresa envolve ações de ampliação do impacto causado para adiante do bairro do Pontal da Barra, o intuito é tornar o turismo de experiência uma referência em Maceió, mas seguir além dele.

Como tudo começou

Fruto de programas e projetos sociais do Pontal da Barra, bairro de Maceió, Mayris Carvalho aborda que sempre desejou dar um retorno social para a sua comunidade. “Eu venho de uma família que basicamente sobrevive da pesca e minha mãe é empregada doméstica, então isso vem passando de geração em geração”, frisou ela.

Com o intuito de pensar em ações inovadoras, ela disse ter encontrado o seu propósito quando começou a realizar atividades de impacto ambiental na região. E, ao entrar em contato com o ambiente do manguezal, a empreendedora entendeu que aquele trabalho provocava nela um sentimento diferente de pertencimento:

 “A gente prioriza a valorização desse ecossistema, porque ele tem a capacidade de absorver de 5 a 10% a mais dos gases do efeito estufa comparados aos valores tradicionais, e as pessoas não sabem dessa informação, até mesmo o pescador não sabe da importância do mangue para o habitat natural, o desenvolvimento econômico dele, a renda, o sustento, então a gente vem desmistificar também todas essas outras questões”, mencionou Mayris Carvalho.

Estágio atual e projetos futuros

Mayris, no dia da premiação no RJ

startup vem se consolidando e dispõe do apoio da Fapeal, que em conjunto com a Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Secti) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) estão acelerando a proposta através do edital Geração do Hoje (GDH) Indústria.

A empreendedora acredita que os recursos são importantes nesse percurso do projeto, porque a empresa não possuía capital para dar andamento a muitas de suas ações.

Inicialmente a Nosso Mangue só tinha dois clientes e todo o valor era redirecionado para o negócio. Entretanto hoje, com esses subsídios, a startup consegue dispor de uma equipe jurídica e de um contador, além de fornecer maior estrutura de qualidade inclusive em EPIs para o seu time.

 “Se hoje a Nosso Mangue chegou onde está não foi somente por mérito da Mayris não, foi do nosso conselho consultivo que ajudou, foi da nossa equipe, foi toda essa rede de apoio que a gente tem hoje, seja da Fapeal, do Sebrae, Senai  e agora do Instituto Federal de Alagoas e da Universidade Federal de Alagoas que estão entrando para fomentar. O que antes era só uma ideia, agora se tornou um negócio de fato”, frisou a CEO.

O seu desejo é evoluir com o projeto seguindo a filosofia com a qual o iniciou, sendo guiada no empreendedorismo de impacto por dois pilares: os saberes populares da comunidade ribeirinha e o conhecimento científico.