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Laboratório de pesquisa apoiado pela Fapeal aposta na preservação de sementes crioulas

O Leaf desenvolve estudos de manejo agrícola e florestal, atuando nas necessidades da Ufal e nas do estado como um todo

Tárcila Cabral
Professora Mariana Breda

Produzir estudos com um olhar voltado à universidade e outro ao seu entorno, este é o foco de um laboratório apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). O Laboratório de Entomologia Agrícola e Florestal (LEAF) analisa pragas florestais e agrícolas, mantendo sempre uma atenção às demandas locais. O seu intuito é estimular o interesse científico dos alunos corroborando para o desenvolvimento de soluções para os cultivos em Alagoas.

Segundo a sua coordenadora, Mariana Breda, o laboratório surgiu um pouco após a sua chegada à Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em 2017. Engenheira agrônoma e doutora em Entomologia, ela se juntou ao quadro de professores da Pós-Graduação em Proteção de Plantas do Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca) para orientar os alunos de mestrado e doutorado, quando observou a necessidade deste espaço.

Naquela época existia uma expansão da cultura do eucalipto e uma lacuna nos estudos de pragas florestais, porém o espaço também envolveu surtos danosos para culturas agrícolas. Sendo assim, o Leaf acabou abarcando o manejo integrado e ecológico de pestes de maneira geral.

Com o perfil sempre atualizado nas redes sociais, estudantes até mesmo de outras instituições entram em contato com o centro de estudos para entender um pouco mais das pesquisas executadas. As redes sociais tornaram o trabalho desenvolvido mais próximo das comunidades acadêmicas e também acabaram por popularizar o Leaf. Atualmente a supervisora do espaço cita que há uma grande atração de alunos querendo integrar a equipe e fazer parte dos ensaios.Ao todo hoje, compõem o laboratório 11 estudantes, entre iniciação científica, mestrado e doutorado.

Estudos de impacto social

Imagens do Leaf

Ao iniciar o desenvolvimento de estudos outro importante aspecto do Leaf se revelou, uma preocupação natural por pautas de impacto social. Esta, na verdade é uma das características do laboratório: trabalhar por demanda, então, as necessidades locais batem à porta.

O laboratório acaba sendo procurado por outros grupos de pesquisa e instituições para atender as demandas tanto das universidades, quanto aquelas da sociedade civil em geral.

“A Fapeal divulga a sua lista de áreas de estudos para aquele ano, e a gente sempre tenta adequar os nossos projetos para aquelas demandas que são solicitadas. Mas há também às necessidades da própria universidade, dessa forma a gente tem dentro da instituição alguns cursos novos como o de Agroecologia, no qual eu sou professora, que atua com base nessas carências”, frisou a pesquisadora.

O intuito, segundo a estudiosa, é promover processos de expansão das pesquisas, para que o grupo possa abarcar um público de alunos que está interessado em realizar trabalhos, para que eles se identifiquem com a área. Portanto, de uma forma geral, ela cita que novos interesses de estudos devem surgir e eles serão normalmente contemplados em sua maioria. “Uma vez que se trabalha com manejo de pragas, se torna muito difícil que a área não esteja conectada com o que está acontecendo em seu entorno”, completou ela.

Apoios da Fapeal à pesquisa e perspectivas futuras do laboratório

Fotos: Leaf

A Fapeal também faz parte da trajetória do Leaf, que incialmente se deu através da concessão de bolsas para a iniciação científica e a pós-graduação, mas posteriormente também esteve associada ao projeto de resistência de sementes crioulas. Trabalhar com as culturas de milho e feijão era uma iniciativa da qual o grupo ansiava por colocar em prática, e em 2022 ela foi possível graças ao direcionamento de recursos do edital de Auxílio à Pesquisa:

“A gente tem tido muito apoio da Fapeal também com bolsas dentro da pós-graduação. A Fapeal também vem sempre auxiliando nesses processos de iniciação científica e de bolsas, então eu tenho diversos alunos que trabalham com temas diferentes e são apoiados”, declarou a estudiosa.

Atualmente, Breda pontua novas análises realizadas no sertão alagoano, um projeto iniciado com o manejo de lagartas do maracujá, trabalhando com variedades silvestres da fruta que foram desenvolvidas especificamente para serem utilizadas na região. Há também uma expansão das pesquisas em relação às pragas florestais, portanto existem algumas abordagens e colaborações que vão se iniciar ainda com insetos que são problemáticos e estão começando a causar distúrbios no estado.

Além disso, ela frisa que dará continuidade ao trabalho produzido com as sementes crioulas e de subsistência, passadas de geração em geração no seio da agricultura familiar, que receberam o nome de “Sementes da Resistência”, aqui em Alagoas.

Neste trabalho, a equipe do Leaf destaca a importância de estar no sertão Alagoano e ter a possibilidade de adquirir essas sementes direto dos agricultores, e aprender a importância e a grandeza das cooperativas e associações para resguardar essa história de um povo e um lugar.

As semestre crioulas da caatinga alagoana podem ser consideradas verdadeiras “guardiãs” da nossa biodiversidade”.