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Núcleo da Ufal completa 10 anos dedicados a pesquisas sobre história social da escravidão

Nesem se beneficia com apoio financeiro do Governo de Alagoas, por meio da Fapeal

Naísia Xavier

O Núcleo Escravidão e Pesquisa na Sociedade Moderna da Universidade Federal de Alagoas (Nesem Ufal), grupo de estudos sobre história da escravidão e sociedades escravistas, completou, dez anos de existência. Para comemorar, realizou, em março, a oitava edição do Encontro Nacional do Nesem, que congregou historiadores de oito instituições, representando seis estados: Ufal (Alagoas), Uneb (Bahia), UFMA (Maranhão), UFPE, UFRPE e UPE (Pernambuco), UFRN (Rio Grande do Norte), e Unicamp (São Paulo).

Com o tema “10 Anos do Nesem – História, Formação e Pesquisa”, o encontro, que resumiu as principais atividades do grupo de esudos, o foi coordenado pelo Professor Doutor Gian Carlo Melo, docente dos cursos de graduação em História na Ufal e de pós-graduação nessa mesma área, na Ufal e na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).

Ele explica que em suas primeiras versões, o evento ele se chamava África – Brasil, justamente para tentar dialogar sobre essas conexões. “A longo dos anos, na terceira edição, a gente passou a chamá-lo de Encontro Nacional do Nesem, justamente porque cresceu muito e se tornou, para o grupo, um espaço de socialização das pesquisas e diálogos com a participação de grandes nomes da área”.

O Nesem funciona em parceria com o Governo de Alagoas, por meio de recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado. “Sempre existe um pouco da Fapeal no Nesem, seja com pesquisas que são financiadas, equipamentos oriundos de projetos e o financiamento ao evento”, declarou o professor Gian Carlo Melo.

Sobre a edição de 2024, ele faz um balanço bem positivo. “O evento teve mais de 100 inscritos e superou as expectativas pela participação das pessoas, pela qualidade das apresentações e das instituições que a gente conseguiu juntar”, disse Juan Carlo.

Incubadora de talentos

A professora Suely Almeida (UFPR), durante sua palestra

Pesquisadora atuante no Nesem e participante do evento, professora Suely Almeida, docente do PPG em História da UFRPE, também membro do PPG em História da UFPE, explica que o grupo de pesquisa é um instrumento fundamental: “O professor Gian Carlo é excepcional, tem uma produção bibliográfica com uma inserção nacional e faz esse trabalho muito bem: ele consegue uma aproximação com docentes e discentes; atrai esses discentes para temas que são caros para os docentes do grupo de pesquisa e aí, os processos de desenvolvimento de dissertações, teses, monografias, têm a sua largada”, diz ela.

E completou: “Se aqui vocês têm uma incubadora de mestrandos que saem da graduação, ele consegue levar os meninos que concluem os seus mestrados e querem seguir a carreira fazendo doutorado. Essa é a importância do grupo de pesquisa: uma espécie de incubadora de talentos onde você aprende as metodologias, faz as leituras necessárias, tira as dúvidas com pares e professores, e aí adentra uma vida profissional com mais segurança”.

Um exemplo claro disso está nas declarações de Antonny Félix, estudante do quarto período na graduação em História da Ufal e pesquisador de iniciação científica ligado ao Nessem:

“Eu já tinha interesse em pesquisar algo sobre a escravidão; sobre a sociedade escravista; sobre o período colonial e imperial, e já sabia da existência do Nesem, porque uma professora que eu tive no Ensino Médio, atuava em pesquisas nesse campo. Eu já entrei na graduação em história sabendo da existência de grupos que pesquisavam esse período, e aí, no fim do primeiro período, teve uma mesa do professor Gian, em que ele falou sobre o que fazia, relacionado a Alagoas e à sociedade escravista daqui. A partir daí, eu fui juntando com ideias que eu já tinha de pesquisar, especificamente a família colonial e imperial”, diz o estudante. Na sua avaliação, o fato de o projeto ser agraciado pela Fapeal é algo que vem estimulando bastante em vários aspectos acadêmicos, desde a participação nas aulas, o interesse em se aprofundar na teoria e o desenvolvimento de pesquisa na graduação. “O tripé da Universidade, que é extensão, pesquisa e ensino, acaba ficando mais completo do que seria só dentro da sala de aula”, concluiu Antony.

Novos projetos

Quanto às perspectivas do grupo, o professor Gian Carlo adianta: “Temos na agenda o Encontro Internacional de História Colonial em 2028, que poderá ser realizado na Ufal.

O foco, segundo ele, está nas teses em construção, com a temática em Alagoas. Atualmente são cinco em andamento no PPGH da UFRPE, além do projeto sobre a presença de africanos e seus descendentes em Alagoas, no século XVIII e início do XIX, este financiado pelo edital de Humanidades da Fapeal.

“Além disso, vamos continuar a realização do projeto guarda-chuva, sobre sociedade e escravidão em Alagoas e Pernambuco entre o XVI E XIX. Dentro dele acordamos subprojetos relacionados à família, política, polícia e sociedade, com fontes do Arquivo Público de Alagoas (APA), Cúria e Instituto Histórico e Geográfico (IGHAL)”, conclui o professor.

Saiba mais sobre as atividades do Nesem no perfil oficial @nesemufal.

Auditório do ICHCA, Ufal